A Dinamarca assinou um contrato com a General Dynamics European Land Systems (GDELS) para a aquisição do sistema de ponte e balsa anfíbia M3. O acordo, assinado pela Organização de Aquisições e Logística do Ministério da Defesa da Dinamarca (DALO), representa uma mudança significativa na doutrina de engenharia de combate do país, ao introduzir uma solução altamente móvel e interoperável para operações de travessia em ambientes contestados.
O sistema M3 chega em um momento de crescente tensão no flanco norte da OTAN, onde a mobilidade de forças blindadas e mecanizadas tornou-se um fator crítico para a dissuasão e a resposta rápida. O terreno dinamarquês, marcado por hidrovias, fiordes e sistemas fluviais, exige meios modernos que superem as limitações dos equipamentos tradicionais de ponte, frequentemente lentos e dependentes de infraestrutura estática.
Projetado para atender a essas demandas, o M3 funciona como um veículo anfíbio 4×4 equipado com pontões dobráveis e propulsão a jato d’água. Em poucos minutos, pode transitar do modo rodoviário para operações fluviais, seja como balsa ou ponte. Com duas a quatro unidades, é capaz de transportar tanques de batalha e veículos de combate de infantaria; com até oito, implanta uma ponte de 100 metros em menos de dez minutos — sem necessidade de guindastes pesados ou veículos de apoio externos.
A mobilidade estratégica é outro diferencial. O sistema atinge 80 km/h em estradas e mantém desempenho robusto em terrenos adversos, como neve e lama, aspecto essencial para operações no Ártico e no norte da Europa. Além disso, sua rápida implantação reduz a janela de vulnerabilidade diante de ameaças de artilharia ou drones inimigos, aumentando a sobrevivência operacional.
Do ponto de vista político e militar, a interoperabilidade com aliados da OTAN é um dos maiores trunfos da aquisição. Os M3 dinamarqueses serão compatíveis não apenas com as frotas já em uso por Alemanha, Reino Unido e Suécia, mas também com outras famílias de pontes da aliança, como SRB, FSB e IRB. Essa padronização elimina barreiras de integração e garante fluidez em operações conjuntas, consolidando a Dinamarca como um parceiro plenamente alinhado às exigências da defesa coletiva.
O investimento reflete o compromisso de Copenhague com a modernização de suas forças e sua contribuição às Forças de Alta Prontidão da OTAN. A introdução do M3 amplia a independência operacional do Exército Real Dinamarquês e fortalece sua capacidade de participar de missões de reforço rápido, particularmente nos cenários mais sensíveis do Báltico e do norte da Polônia.
Com entregas previstas para 2026, a aquisição vai além do ganho tático imediato. Ela representa uma transformação estrutural na capacidade dinamarquesa de projetar força em ambientes dinâmicos, ao mesmo tempo em que reforça a dissuasão estratégica da OTAN em sua frente mais exposta.