Rússia busca transformar a Índia em polo de exportação do Su-57E para contornar barreiras no mercado global

Enfrentando dificuldades para inserir seu caça de quinta geração Su-57E no mercado internacional, a Rússia intensifica esforços para reposicionar a aeronave e propõe à Índia uma parceria inédita. Moscou pretende transformar Nova Deli não apenas em cliente, mas em centro regional de produção e exportação do jato furtivo, oferecendo um pacote que inclui transferência integral de tecnologia, montagem local e liberdade para integração de sistemas nacionais. A iniciativa surge em um contexto de sanções ocidentais cada vez mais restritivas e de fraca aceitação comercial do modelo fora do mercado interno russo, sendo a Argélia até o momento o único país com contrato firmado para aquisição, com entregas previstas para 2025 e 2026.

Míssil Anti-Radiação RUDRAM-1

De acordo com informações divulgadas pela imprensa indiana, a proposta prevê que a produção ocorra nas instalações da Hindustan Aeronautics Limited (HAL), em Nashik, onde já são montados os caças Su-30MKI desde a década de 1990. O pacote russo oferece acesso inédito ao código-fonte da aeronave, o que daria à Índia condições de substituir o radar Byelka por sistemas locais mais avançados, como os desenvolvidos com tecnologia GaN, a exemplo do Uttam e do Virupaksha, além de integrar armamentos nacionais, como os mísseis Astra, Rudram e o supersônico BrahMos. Caso aceite a proposta, Nova Deli teria também a prerrogativa de exportar o Su-57E para mercados terceiros, uma mudança significativa em relação ao modelo seguido no passado com o Su-30MKI, cujas vendas ficaram restritas à Força Aérea Indiana.

radar AESA Uttam com tecnologia GaN.

O movimento russo tem claros objetivos geopolíticos e industriais. Ao ampliar o envolvimento da Índia, Moscou busca compensar a limitada produção interna do Su-57, que até meados de 2025 contava com pouco mais de duas dezenas de unidades em operação, e contornar a perda de acesso a mercados ocidentais. Para a Índia, por outro lado, a oferta representa a possibilidade de acelerar a modernização de sua aviação de combate, aumentar sua autonomia tecnológica e posicionar-se como exportador de aeronaves de quinta geração, um salto estratégico que teria reflexos também no programa nacional AMCA.

míssil BVR Astra

Apesar do potencial transformador, a parceria não está livre de desafios. O histórico de maturidade limitada do Su-57, a necessidade de garantias de suporte logístico de longo prazo e a pressão política dos Estados Unidos e de seus aliados no Indo-Pacífico podem pesar nas decisões indianas. Ainda assim, a proposta russa simboliza uma inflexão nas práticas de exportação de sistemas de armas avançados, ao oferecer a um parceiro tradicional não apenas a plataforma, mas também o controle sobre sua evolução tecnológica e sobre os caminhos comerciais a serem seguidos. Se confirmada, a parceria poderá redefinir o papel da Índia na cadeia global de aviação de combate e dar novo fôlego à indústria aeronáutica russa em meio a um cenário de isolamento e competição acirrada.

Indian Air Force Sukhoi Su-57 Pak Fa by Custom Aviation Art

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