Fim de uma Era: Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA aposenta o AAV-P7/A1 após mais de 50 anos de serviço

Em 19 de maio de 2025, o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos encerrou oficialmente a trajetória do AAV-P7/A1, veículo anfíbio de assalto sobre esteiras que prestou mais de cinco décadas de serviço. A cerimônia de desativação ocorreu na Base de Camp Lejeune, na Carolina do Norte, onde o 2º Batalhão Anfíbio de Assalto aposentou as últimas unidades ativas, marcando o encerramento de um capítulo fundamental na doutrina anfíbia mecanizada da instituição.

Desenvolvido originalmente na década de 1970 pela FMC Corporation e posteriormente modernizado pela BAE Systems, o AAV-P7/A1 foi projetado para transportar tropas e equipamentos do mar à terra em operações de assalto anfíbio. Com capacidade para até 25 fuzileiros navais além da tripulação de três militares, o veículo era impulsionado por um motor diesel Cummins VT400 de 400 hp, atingindo velocidades de 72 km/h em terra e 13 km/h na água. Era armado com uma metralhadora M2HB calibre .50 e um lançador automático de granadas Mk19 de 40 mm, montados em uma torre de comando.

Suas atualizações ao longo dos anos — incluindo blindagem reforçada, suspensão aprimorada e um sistema de transmissão modernizado — garantiram sua relevância frente a novas ameaças e ambientes operacionais cada vez mais complexos. Apesar de sua longevidade e versatilidade, o veículo passou a ser questionado após um trágico acidente de treinamento em 2020, que reacendeu preocupações sobre sua capacidade de sobrevivência em cenários modernos, impulsionando sua retirada gradual.

O substituto natural do AAV, o Veículo de Combate Anfíbio (ACV), também desenvolvido pela BAE Systems em parceria com a Iveco Defence Vehicles, representa a nova abordagem do Corpo de Fuzileiros Navais para operações em ambientes marítimos contestados. O ACV incorpora proteção aprimorada contra explosivos improvisados e minas, maior mobilidade em terrenos desafiadores e sistemas digitais de comando e controle, sendo concebido como um nó de rede dentro do conceito de operações expedicionárias multidomínio. Esta transição é parte da transformação estratégica promovida pela iniciativa Force Design 2030, que visa preparar o Corpo para futuras ameaças em regiões litorâneas, especialmente no Indo-Pacífico.

Desde seu lançamento em 1972 como LVTP-7 — redesignado AAV-7 em 1985 — o veículo participou de conflitos emblemáticos como a Guerra do Golfo e a Operação Liberdade do Iraque, além de diversas missões humanitárias. Seu desempenho permitiu o rápido estabelecimento de cabeças de praia e a projeção de poder a partir do mar, sendo peça-chave na estratégia expedicionária americana. Ao longo dos anos, o AAV consolidou-se como símbolo da capacidade dos EUA de responder a crises globais com velocidade e flexibilidade, frequentemente compondo a vanguarda dos Grupos Anfíbios Prontos para o Combate.

A aposentadoria do AAV-P7/A1 marca, portanto, não apenas o fim de um sistema de armas, mas a transição para uma nova era de guerra anfíbia, mais centrada em resiliência, interoperabilidade e adaptabilidade estratégica. O Corpo de Fuzileiros Navais homenageia a longa trajetória de um veículo que moldou gerações de operações militares e, ao mesmo tempo, reafirma seu compromisso em evoluir diante das exigências dos conflitos contemporâneos.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *