O emprego dos MV-22 Osprey em missões de combate

As unidades do USMC dotadas das aeronaves MV-22 Osprey já estiveram no Iraque e mais recentemente foram desdobrados no Afeganistão. Mesmo assim, o emprego destes tilt-rotors em combate ainda é cercado de ceticismo e acabam sendo considerados “ônibus voadores” de luxo.

Dois aspectos principais acabam tornando esse emprego mais crítico: as limitações dos armamentos de autodefesa e a incerteza quanto à sua resistência a danos de combate — e consequente incapacidade de realizar um pouso de emergência.

As asas, os motores e os rotores basculantes limitam bastante o setor de tiro de metralhadoras instaladas em janelas, como ocorre nos helicópteros. Existe apenas uma metralhadora montada na rampa traseira. A solução encontrada foi a instalação de uma Universal Turret System (UTS) com uma Minigun na barriga da aeronave, conforme a figura abaixo.

Sistemas de armas do MV-22 (Figura: BAE Systems)
Sistemas de armas do MV-22 (Figura: BAE Systems)

 

O problema dessa montagem é que provavelmente ela tem que ser recolhida por ocasião do pouso. E mesmo que não precise, não vai ter condições de atirar até o último segundo, como se vê nos helicópteros. O segundo problema é mais crítico. O sistema de rotores basculantes é bastante complexo (como se os helicópteros já não fossem complexos o suficiente) e não se sabe como um dano num sistema crítico irá realmente afetar a capacidade da aeronave em continuar voando.

O MV-22 também não realiza autorrotação como um helicóptero. Numa hipótese voo sem ambos os motores, teria que planar como se avião fosse. O problema é que ele não pousa como avião. O diâmetro dos rotores o obriga a realizar o pouso sempre como se fosse um helicóptero. Por esses motivos, os Osprey acabaram ficando de fora das missões mais “hot” nas recentes campanhas americanas. Há alguns dias foi reportado que um Osprey ficou sob fogo de RPG do Talibã, sem entretanto ser atingido. É a única ocasião divulgada que ele esteve sob fogo.

Mas é claro que uma aeronave como essa tem suas vantagens e a chave do sucesso é aproveitar os seus pontos fortes. O MV-22 tem uma velocidade de cruzeiro no mínimo duas vezes maior que um helicóptero convencional. O Talibã conhece os padrões operacionais das forças da OTAN e, de maneira geral, desenvolveu TTP para conseguir escapar de posições de cerco e operações tipo martelo e bigorna. Porém, na semana passada, os Osprey foram empregados para posicionar fuzileiros navais na região de Marja com uma velocidade bem superior a dos helicópteros, surpreendendo o inimigo.

Como alguém falou num comentário em um dos artigos de referência, a chave é a confiabilidade. Quanto mais ele voar, mais se conhecerá suas vantagens e deficiências e como ele poderá ser melhor empregado com segurança. Edição mais recente da Defence Helicopter trouxe uma reportagem sobre o emprego dos MV-22 no Afeganistão. Como não poderia deixar de ser, as tripulações dessa aeronave falaram muito bem dela.

Alguns tópicos interessantes: apesar do MV-22 estar substituindo gradualmente os CH-46 (e não os CH-53, como vira-e-mexe aparece na internet), o USMC considera ele muito mais um avião que pousa em áreas restritas do que um helicóptero que voa mais rápido que os outros. Os pilotos voam mais de 70% do tempo na configuração de avião e o treinamento anterior ao MV-22 é preenchido muito mais por aeronaves de asa fixa do que de “aviões de rosca”.

O outro, e principal, tópico a ser ressaltado é que os poucos (eram apenas cinco) sistemas de armas Guardian System que citei acima já foram desinstalados das aeronaves. Considerou-se que o peso de 363 kg do sistema era excessivo para o ambiente em que estavam operando (isso lembra o episódio da retirada dos radares dos Apaches). Além disso, foi reportado que diversos operadores ficavam enjoados tendo que se concentrar na tela enquanto a aeronave realizava as manobras. Esse segundo fator, acredito eu, é apenas uma questão de treinamento/adaptação. Os pilotos de reconhecimento e ataque dos Apaches e Super Cobras tem que se concentrar em seus MFD da mesma maneira e isso não inviabiliza a missão.

Em todo caso, o USMC não aprovou o sistema e os Ospreys permanecem apenas com a metralhadora na rampa traseira.

Fonte: Voo Tatico

2 Comentários

  1. “a long time a go”, lá no começo do Osprey, se não estou enganado, tinha a proposta de criar uma versão aramada com uma metralhadora no nariz…. Ou estou viajando?

  2. Parece que os italianos fabricam um similar a este que inclusive foi vendido para os Emirados Árabes…esse tipo de aeronave serve para Busca e salvamento , assim como para logística. Ela precisa de escolta armada.

    Considero uma aeronave incrivel…

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