
A Arábia Saudita está em negociações com a Coreia do Sul desde o início de 2025 para avaliar a aquisição da família de mísseis de cruzeiro Hyunmoo-3, com variantes de alcance entre 500 km e até 3.000 km, em um esforço para reforçar sua capacidade de ataque de precisão de longo alcance diante das crescentes ameaças regionais.
Corpo — Autoridades sauditas e sul-coreanas conduzem conversas de alto nível e intercâmbios industriais, incluindo visitas de equipes da Defense Acquisition Program Administration (DAPA) e da Agency for Defense Development (ADD) da Coreia do Sul, além de workshops com organismos sauditas como SAMI e GAMI, segundo relatos.
O pacote em discussão contemplaria múltiplas variantes do Hyunmoo-3: Hyunmoo-3A (≈500 km), 3B (≈1.000 km), 3C (≈1.500 km) e a variante de maior alcance referida como 3D (até 3.000 km, classificada). O sistema emprega navegação inercial com atualizações por GPS e TERCOM, perfil de voo em baixa altitude e ogiva de cerca de 500 kg, com massa total aproximada de 1,5 tonelada e comprimento cerca de 5,8 metros.

O Hyunmoo-3 pode ser lançado a partir de plataformas terrestres TEL, destróieres Aegis da classe Sejong the Great, submarinos KSS-III (Haeseong III) e existe menção a uma possível variante lançada do ar para o caça KF-21, o que ofereceria flexibilidade de emprego entre Exército, Marinha e Força Aérea sauditas.
Riad justifica a busca por mísseis de cruzeiro de longo alcance pela necessidade de dissuasão e de capacidade de ataque preciso contra alvos estratégicos iranianos sem expor aeronaves a zonas de defesa aérea adversas. O alcance potencial — até 3.000 km nas variantes mais avançadas — permitiria atingir centros de comando, bases aéreas e depósitos estratégicos em profundidade.
O interesse vem após tentativas frustradas de adquirir sistemas equivalentes de outros fornecedores, como os mísseis de cruzeiro Tomahawk dos EUA ou sistemas russos, em meio a restrições exportacionais e riscos de sanções (por exemplo, preocupações relacionadas ao MTCR e à legislação CAATSA). Fontes indicam também esforço interno de Riade para localizar produção e aumentar transferência de tecnologia, alinhado a metas da Visão 2030 de nacionalizar até 50% das aquisições de defesa.
O histórico saudita inclui aquisições antigas como os DF-3 chineses no final dos anos 1980, investimentos em defesa aérea e antimíssil (Patriot PAC-3, THAAD, sistemas C2BMC) e tentativas repetidas de ampliar a capacidade ofensiva de longo alcance. A limitação em mísseis de cruzeiro ficou exposta por ataques contra infraestrutura estratégica — incluindo o incidente em Abqaiq/Khurais em 2019 — que motivaram esforços para obter capacidades de contra-ataque mais precisas. (Informações históricas e contexto operacional incluídas nas tratativas).

Especialistas e documentos citados nas matérias ressaltam desafios para integração do Hyunmoo-3: treinamento de tripulações, construção de infraestruturas de lançamento, integração de sistemas de comando e controle, cronogramas de manutenção, garantia de fornecimento de motores turbofan e os custos e prazos relacionados a programas de localização industrial que envolvam SAMI, GAMI e parceiros sul-coreanos.
Analistas apontam que a transferência do Hyunmoo-3 para a Arábia Saudita poderia provocar uma nova fase de competição de mísseis no Oriente Médio, levando o Irã a ajustar seus programas de mísseis e capacidades hipersônicas, embora as implicações exatas dependam do escopo da transferência tecnológica e das limitações operacionais acordadas.
Até o momento não há confirmação pública de contrato assinado entre Riad e Seul. Fontes abertas indicam que as negociações seguem em nível técnico e diplomático, e que um acordo final dependerá de decisões políticas, avaliações de exportação e acordos sobre transferência de tecnologia.


