O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, solicitou nesta semana assistência militar à Rússia — incluindo mísseis, radares e reparos em aeronaves — enquanto ratifica um novo acordo estratégico com Moscou e amplia cooperação também com a China e o Irã, em meio ao aumento da presença militar dos Estados Unidos no Caribe.
Segundo o jornal The Washington Post, o governo de Maduro enviou uma carta ao presidente russo Vladimir Putin na qual solicita 14 conjuntos de mísseis russos, apoio logístico não especificado, revisão de oito motores e cinco radares, além da restauração de caças Su-30MK2 previamente adquiridos pela Venezuela. A carta teria sido entregue por um representante venezuelano em Moscou.

Paralelamente, Maduro enviou ao presidente chinês Xi Jinping uma carta pedindo “maior cooperação militar” e aceleramento na produção de radares chineses para fortalecer a defesa aérea venezuelana. Documentos também indicam o pedido ao Irã de “sistemas de detecção passiva”, “bloqueadores de GPS” e drones com alcance de até 1.000 km, sob coordenação do ministro dos Transportes venezuelano, Ramón Celestino Velásquez.

Nesta operação de alinhamento externo, a Rússia ratificou um acordo estratégico de cooperação com a Venezuela no dia anterior ao pouso de uma aeronave russa Il-76 em Caracas, vinda de rota pela África para evitar o espaço aéreo ocidental.

O novo tratado entre Moscou e Caracas amplia a cooperação política, econômica e militar entre os dois países. Entre os projetos em andamento está a inauguração, em julho, de uma fábrica de munições no estado venezuelano de Aragua — cerca de duas décadas após a promessa inicial. Além disso, a Rússia detém direitos de exploração de reservas de gás natural e petróleo ainda não desenvolvidas na Venezuela, em operações com potencial bilionário.
Por outro lado, o envolvimento russo direto no país sul-americano tem sido reduzido nos últimos anos, em parte devido ao foco de Moscou na guerra contra a Ucrânia e à sua busca por parcerias em outras partes da América Latina. Analistas destacam que, apesar da manutenção formal dos laços, a capacidade operacional russa no apoio direto à Venezuela pode estar limitada.
O contexto global inclui o aumento da presença naval dos Estados Unidos no Caribe, com uma força de impacto naval que visa oficialmente o combate ao tráfico de drogas, mas que Caracas interpreta como pressão militar direta.
Segundo o ex-embaixador dos EUA na Venezuela, James Story, “o fato de termos deslocado mais de 10% de nossas forças navais para o Caribe já é, em certa medida, uma vitória para Putin” — afirmando que o interesse renovado russo no Hemisfério Ocidental distrai Moscou da guerra na Ucrânia.
O governo venezuelano afirma que a intensificação dos pedidos e parcerias com Rússia, China e Irã responde à “ameaça” representada pela movimentação dos EUA na região e visa reforçar sua soberania e capacidade de defesa.



