A Dassault Aviation iniciou a entrega do segundo lote de caças multifuncionais Rafale F3R à Força Aérea Egípcia, parte do contrato assinado em 2021 para a aquisição de 30 aeronaves adicionais. As entregas começaram no final de 2024 a partir da fábrica da empresa em Mérignac, na França, e devem ser concluídas até 2026. O novo lote complementa o primeiro contrato firmado em 2015, que resultou na entrega de 24 aeronaves entre 2015 e 2017, elevando o total previsto para 54 unidades operacionais.

Segundo informações publicadas em 9 de outubro de 2025, a Dassault Aviation encontra-se na fase ativa de entrega, com aeronaves monoposto Rafale EM e biposto Rafale DM sendo encaminhadas ao Egito após testes de aceitação realizados em território francês. Entre os exemplares já entregues estão as aeronaves EM10, EM11 e DM21, enquanto outras unidades, como as DM18 e DM19, passaram por avaliações de pré-entrega no primeiro semestre de 2025. As transferências continuam ocorrendo em grupos sequenciais, sob coordenação entre a Dassault, a Safran e a Força Aérea Egípcia.

O contrato de 2021, avaliado em aproximadamente €3,75 bilhões, foi financiado por meio de um empréstimo de dez anos garantido em até 85% pelo governo francês. O pacote também incluiu contratos adicionais com a MBDA e a Safran Electronics & Defense, totalizando cerca de €200 milhões em armamentos e sistemas de apoio. Essa aquisição substituiu o plano anterior do Egito de adquirir caças Su-35 da Rússia, cancelado antes da assinatura do acordo com a França.

As novas aeronaves estão sendo integradas à 203ª Ala de Caça Tático da Força Aérea Egípcia, que opera os Rafales nos 34º e 36º Esquadrões de Caça Tático, sediados na Base Aérea de Gebel El Basur. O Egito foi o primeiro país estrangeiro a operar o Rafale, com a primeira entrega ocorrendo em julho de 2015, poucos meses após a assinatura do contrato inicial de US$ 5,9 bilhões. Esse pacote incluiu também uma fragata multiuso FREMM e munições associadas.

O Rafale F3R é o padrão operacional atualmente em uso pela Força Aérea e Espacial Francesa. Qualificado pela Direção-Geral do Armamento (DGA) em 31 de outubro de 2018 e declarado apto para uso operacional em março de 2021, o F3R introduz melhorias significativas, incluindo o radar AESA Thales RBE2, o míssil ar-ar de longo alcance MBDA Meteor, o pod de designação de alvos TALIOS e o sistema de guerra eletrônica atualizado Spectra. A configuração também integra a bomba guiada a laser Safran AASM Hammer e um sistema automático de prevenção de colisão com o solo.

O caça tem comprimento de 15,3 metros, envergadura de 10,9 metros e altura de 5,3 metros, com peso máximo de decolagem de 24,5 toneladas. É impulsionado por dois motores turbofan Snecma M88-2, com empuxo de 50 kN cada, atingindo velocidade máxima de Mach 1,8 e teto operacional de cerca de 18 mil metros. O design em configuração delta-canard e o sistema de controle fly-by-wire conferem ao Rafale elevada manobrabilidade e estabilidade.

A aeronave dispõe de 14 pontos de fixação externos, capazes de transportar até 9,5 toneladas de armamentos e tanques externos, além de 4,7 toneladas de combustível interno. O conjunto de armamentos inclui mísseis Meteor e MICA para combate aéreo, mísseis de cruzeiro SCALP/Storm Shadow, bombas guiadas AASM Hammer, munições GBU de precisão e o míssil antinavio AM39 Exocet. Para missões de reconhecimento, o Rafale pode empregar o pod AREOS, enquanto o canhão interno GIAT 30M791 de 30 mm complementa o armamento fixo.

Em março de 2023, a Força Aérea Egípcia ultrapassou a marca de 10 mil horas de voo com a frota de Rafales e negocia com a França um contrato de manutenção avaliado em €300 milhões. Segundo o cronograma atual, o Egito deverá concluir a incorporação das 30 aeronaves adicionais até 2026, quando passará a operar a maior frota de caças Rafale fora da França.

Com a introdução do padrão F3R, o Egito também se posiciona para futuras atualizações ao padrão F4, que a França começou a adotar em 2022. Essa nova configuração inclui conectividade de dados aprimorada, integração do míssil MICA NG, sistemas de manutenção preditiva e novos visores montados no capacete, ampliando as capacidades de interoperabilidade e suporte logístico do caça.