Documentos russos vazados e analisados por institutos de defesa indicam que a Rússia concordou em fornecer à China equipamentos, tecnologia e treinamento para capacitar lançamentos aéreos de veículos blindados e operações aerotransportadas, segundo análise amplamente divulgada por organizações de segurança. A documentação, atribuída a contratos de 2023 e vazada pelo grupo Black Moon, inclui listas de materiais, cronogramas e correspondência técnica.
Os documentos e o conteúdo já divulgado descrevem a venda e suporte técnico de 37 veículos BMD‑4M, 11 canhões antitanque autopropulsados Sprut‑SDM1, 11 veículos blindados de transporte BTR‑MDM “Rakushka”, variantes de comando e observação (Rubin, KSHM‑E), veículos de visão e controle de fogo, UAVs Orlan‑10 e sistemas de paraquedas de alta altitude “Dalnolyot”. O custo estimado nos arquivos ultrapassa US$ 210 milhões, segundo as análises. A documentação também prevê adaptação dos veículos para integrar sistemas chineses de comunicações, verificação de compatibilidade eletromagnética, preparação para uso de munição chinesa e a criação de um Centro de Manutenção Técnica e Reparo na China.
Treinamento e procedimentos
Os papéis detalham programas de formação técnica e operacional: condutores serão treinados em Kurganmashzavod; tripulações de observação e dos Sprut em Penza (JSC NPP Rubin); e, após cursos em simuladores, o treinamento coletivo do batalhão ocorreria em campos na China com instrutores russos. Anexos descrevem procedimentos de lançamento multiplataforma compatíveis com Il‑76/Il‑78, uso de paletes para lançamento sequenciado de veículos, kits de paraquedas de precisão e manuais de amarração para reduzir dispersão das cargas.
Capacidades técnicas e alcance de inserção
Entre as capacidades técnicas destacadas estão: BMD‑4M, Sprut‑SDM1, BTR‑MDM Rakushka, Orlan‑10 e o sistema Dalnolyot, projetado para lançar cargas até 190 kg a altitudes de até 32.000 pés, com alcance de planeio estimado entre 30 e 80 km dependendo da carga. Os documentos citam testes de queda a 8.000 m e adaptação para operação em até −60 °C.
Veículo de Combate dos Paraquedistas BMD-4

Carro de combate leve 2S25 Sprut-SD 125 mm

Veiculo de transporte de Tropas Aerotransportadas BTR-MDM Rakushka
Autenticidade e limitações das evidências
Pesquisadores que analisaram as aproximadamente 800 páginas apontam coerência nos documentos, mas alertam para a possibilidade de trechos omitidos ou alterados. Os arquivos indicam que a Rússia iniciou trabalhos de modificação e produção, mas não apresentam evidência pública direta de pagamentos ou de que equipamentos tenham sido entregues à China.

veículo aéreo não tripulado (VANT) de reconhecimento Orlan-10
Implicações operacionais
As análises citadas pelos documentos afirmam que a combinação de blindados lançáveis, paraquedas de precisão, UAVs e treinamento poderia permitir ao PLA projetar poder de combate aerotransportado rapidamente, assegurando aeródromos e terrenos firmes próximos a portos — opções que complementariam ou reduziríam a dependência exclusiva de desembarques anfíbios. Os relatórios destacam que o êxito de operações desse tipo depende da supressão das defesas aéreas adversárias, integração conjunta e treino extensivo.

Fuzileiros navais Chineses treinando assalto anfíbios com veículos blindados
Contexto sobre as tropas paraquedistas do PLA
O componente aerotransportado do PLA está organizado como um corpo subordinado à Força Aérea e, após reformas de 2017, passou por reorganização estrutural que aboliu divisões e elevou regimentos a brigadas. A formação é composta por várias brigadas (127ª, 128ª, 130ª, 131ª, 133ª e 134ª), distribuídas por diferentes comandos teatrais; publicações recentes apontam que o corpo tem cerca de 40.000 efetivos e sede em Xiaogan, Hubei. Autoridades e análises indicam que algumas dessas brigadas (127ª, 128ª e 130ª) são classificadas como brigadas de assalto aéreo, integrando capacidades combinadas ao nível de brigada para aumentar mobilidade e potência de fogo.
Observações finais
Analistas citados nas matérias afirmam que o maior valor do pacote para Pequim pode ser o know‑how — procedimentos, treinamento e práticas de comando e controle adquiridos com a Rússia — mais do que apenas os equipamentos em si. Autoridades e especialistas também ressaltam que lições das operações aerotransportadas russas na Ucrânia em 2022 apontam riscos operacionais significativos que não são automaticamente mitigados apenas pela transferência de material.