Filipinas suspendem novos contratos de armas com Israel após guerra em Gaza

 

Carro de Combate Médio Sabrah 105 mm

Manila encerrou a assinatura de novos contratos de armas com Israel em meio à escalada da guerra em Gaza, que já resultou na morte de mais de 65.000 civis, informou o secretário de Defesa filipino, Gilbert Teodoro, durante audiência no parlamento nesta quinta-feira (19).

O secretário Teodoro confirmou que a suspensão se aplica apenas a novos contratos, enquanto os acordos existentes continuarão a ser executados. “No momento, trata-se apenas da continuidade de contratos anteriores. Não temos novos contratos com nenhuma empresa sediada em Israel”, afirmou, segundo a emissora ABS-CBN.

As Filipinas têm sido historicamente um dos maiores clientes de defesa de Israel, representando 8,1% das exportações israelenses de armas, atrás apenas da Índia (34%) e dos Estados Unidos (13%), de acordo com relatório do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI). Durante o governo de Rodrigo Duterte, Manila adquiriu sistemas como os tanques leves Sabrah, obuses autopropulsados ATMOS, barcos de patrulha Shaldag V, drones Hermes e mísseis Spike.

Philippine Army sets up ATMOS battalion

ATMOS (Autonomous Truck Mounted howitzer System) 155 mm/52

A decisão de suspender novos contratos ocorre em meio a pressões políticas internas e preocupações com a dependência de fornecedores estrangeiros. Teodoro destacou que a guerra em Gaza evidenciou vulnerabilidades nas cadeias de suprimentos militares e alertou para a necessidade de revisão dos contratos e fornecedores.

Analistas apontam que a medida pode afetar o programa de modernização das Forças Armadas das Filipinas, que dependia de plataformas israelenses para reforçar a presença no Mar da China Meridional. Autoridades filipinas também expressaram frustração com a relutância de Israel em apoiar reivindicações territoriais de Manila na região.

barco patrulha da classe Shaldag

O distanciamento de Israel abre espaço para fornecedores alternativos, incluindo Coreia do Sul, Turquia e empresas europeias. Além disso, a suspensão levanta questões sobre a capacidade das Filipinas de manter a prontidão operacional sem sistemas israelenses essenciais, como artilharia de longo alcance, blindagem móvel e mísseis de precisão.

A cooperação entre Filipinas e Israel também inclui consultoria militar discreta, abrangendo treinamento, doutrina, contrainsurgência e defesa cibernética. A continuidade dessa parceria consultiva pode enfrentar escrutínio futuro em razão da escalada do conflito em Gaza e da crescente atenção internacional sobre direitos humanos.

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