Um vídeo divulgado em 16 de setembro de 2025 sugere que Chipre implantou o sistema de defesa aérea israelense Barak MX. A movimentação, até então apenas especulada, levou a Turquia a alertar que a medida pode alterar o equilíbrio militar da ilha, cenário historicamente sensível nas relações bilaterais.
A possível entrada em operação do Barak MX ocorre em meio ao aumento do uso de drones, munições de espera e mísseis de cruzeiro no Mediterrâneo Oriental. Segundo informações disponíveis, o sistema israelense é modular e baseado em uma camada de gerenciamento de batalha que conecta diferentes sensores e lançadores, permitindo engajamento cooperativo entre unidades de fogo. Os mísseis disponíveis possuem três variantes principais: MR (alcance de dezenas de quilômetros), LR (alcance superior) e ER, com propulsor adicional que pode chegar a centenas de quilômetros. Todos são lançados verticalmente, garantindo cobertura de 360 graus.
As capacidades representam uma mudança em relação aos sistemas russos mais antigos, usados por Chipre desde a década de 1990. Após 2022, sanções internacionais dificultaram a aquisição de peças e serviços para essas baterias, acelerando o processo de substituição. Com o Barak MX, Nicósia busca ampliar a proteção de infraestrutura crítica e bases aéreas, distribuindo unidades de fogo em diferentes pontos da ilha. O lançamento vertical é considerado adequado para terrenos acidentados e áreas costeiras, permitindo engajamento rápido contra alvos de difícil detecção.
A integração com parceiros ocidentais também é vista como um fator estratégico. O sistema pode receber rastreios de radares externos e compartilhar dados em rede, aumentando a resiliência contra ataques múltiplos. Ainda assim, autoridades locais reconhecem o desafio logístico e operacional de lidar com cenários de saturação, em que um número elevado de drones de baixo custo poderia forçar o disparo de interceptadores de maior valor.
O Ministério da Defesa turco reagiu de forma crítica à suposta mobilização, classificando-a como desestabilizadora e evocando o episódio dos mísseis S-300, no final dos anos 1990, quando o plano de implantação em Chipre foi revertido após forte pressão de Ancara, levando ao deslocamento das baterias para Creta. Embora a situação atual envolva um sistema diferente, a disputa reflete a continuidade da sensibilidade em torno do equilíbrio militar na ilha.
Para Nicósia, a adoção de um sistema moderno de defesa aérea é justificada pela proximidade com zonas de conflito no Oriente Médio e pela crescente disseminação de drones e mísseis de cruzeiro na região. A doutrina de emprego deverá priorizar a proteção de pistas aéreas, portos, depósitos de combustível e centros de comando, em combinação com guerra eletrônica e defesas de ponto de curto alcance.
