míssil balístico intercontinental Hwasong-15
O líder norte-coreano Kim Jong-un inspecionou uma nova linha de produção de mísseis em uma das principais empresas do complexo militar-industrial do país, segundo informou a agência estatal KCNA. A visita, divulgada em 1º de setembro, ocorre em um momento estratégico: dias antes da viagem de Kim a Pequim, onde deve participar de um desfile militar ao lado dos presidentes chinês Xi Jinping e russo Vladimir Putin — um raro encontro trilateral que reforça os sinais de alinhamento estratégico entre os três países.
De acordo com a KCNA, Kim recebeu explicações sobre o processo de automação e integração da produção de mísseis, expressando satisfação com a modernização que, segundo ele, elevará a produtividade e a qualidade do armamento. A iniciativa busca reduzir ineficiências e garantir a sustentabilidade da produção a longo prazo, consolidando a capacidade da Coreia do Norte de equipar suas forças armadas com sistemas cada vez mais sofisticados. A modernização da indústria armamentista norte-coreana tem implicações diretas em programas considerados prioritários pelo regime, sobretudo os que envolvem mísseis de combustível sólido. Esse tipo de armamento, como o recém-testado ICBM Hwasong-18, é menos vulnerável a ataques preventivos por exigir menor tempo de preparação antes do lançamento. A produção automatizada permitiria aumentar a escala e a confiabilidade desses sistemas, conferindo maior credibilidade à capacidade de dissuasão de Pyongyang.

Hwasong-11A também conhecido como KN-23. É um míssil balístico de curto alcance ( SRBM ) possui semelhança os mísseis russos Iskander-M.
O arsenal atual do país inclui desde mísseis balísticos de curto alcance, como o KN-23, inspirado no modelo russo Iskander, até variantes intercontinentais como os Hwasong-15 e Hwasong-17, teóricos capazes de alcançar o território continental dos Estados Unidos. A adoção de linhas de produção integradas sinaliza a transição de uma indústria experimental para uma base produtiva de longo prazo. Apesar de estar sob um regime de sanções severas do Conselho de Segurança da ONU, a Coreia do Norte demonstra resiliência e busca ampliar a autonomia de seu setor de defesa. Analistas apontam que a eficácia das sanções foi reduzida pela crescente cooperação de Pyongyang com Moscou e Pequim, tanto em termos econômicos quanto militares. A remessa de munição e mísseis norte-coreanos para a Rússia, utilizados na guerra na Ucrânia, ilustra essa nova dinâmica.

míssil balístico intercontinental Hwasong-17
A visita de Kim também tem caráter político: serve para exibir ao público interno e externo as capacidades industriais do país, enquanto o líder se prepara para encontros de alto nível na China. Paralelamente, Pyongyang tem intensificado suas críticas à cooperação trilateral entre Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul, acusando o grupo de fomentar a instabilidade regional, inclusive no ciberespaço. Ao inspecionar a nova linha de produção, Kim Jong-un buscou transmitir uma mensagem clara: a Coreia do Norte não apenas mantém sua capacidade de desenvolver armamentos estratégicos, mas também avança em direção a uma produção mais eficiente e sustentável. O movimento reforça tanto sua política de autossuficiência militar quanto o estreitamento de laços com parceiros estratégicos em meio à reconfiguração das alianças globais. A inspeção, às vésperas da presença de Kim em Pequim ao lado de Xi e Putin, sintetiza o duplo objetivo do regime: demonstrar resiliência frente às sanções e projetar relevância no tabuleiro geopolítico internacional.