Taiwan avança com testes de novo pod de guerra eletrônica para caças F-CK-1

Nas últimas semanas, Taiwan iniciou testes de um novo pod de contramedidas eletrônicas (ECM) desenvolvido para seus caças F-CK-1C/D Ching-kuo, fabricados pela Aerospace Industrial Development Corporation (AIDC). O projeto faz parte do programa Xuan Ji, conduzido pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Chung-Shan (NCSIST), e busca suprir uma lacuna crítica nas capacidades de autoproteção da frota.

As avaliações preliminares estão sendo realizadas a partir da Base Aérea de Pingtung, utilizando um avião de transporte C-130H da Força Aérea da República da China (ROCAF). A aeronave foi flagrada carregando dois pods sob cada asa, permitindo que a cabine espaçosa acomode equipamentos de monitoramento durante os voos de teste. A expectativa é que, após a validação dos sistemas no C-130, o pod seja integrado ao F-CK-1.

Segundo observadores, o design dos novos pods parece derivar de tanques externos de 275 galões usados no próprio Ching-kuo, com modificações estruturais nas seções dianteira e traseira, além de entradas e saídas de ar para resfriamento dos sistemas eletrônicos. Essa escolha sugere uma estratégia para reduzir custos e acelerar o cronograma de desenvolvimento, aproveitando estruturas já compatíveis com a frota.

O NCSIST busca dotar os F-CK-1 de um pod com desempenho próximo ao do AN/ALQ-184, empregado nos caças F-16 da ROCAF há mais de duas décadas. O programa foi orçado em NT$ 4 bilhões (US$ 132 milhões), com execução prevista entre 2020 e 2023. Contudo, restrições de exportação dos EUA dificultaram a obtenção de tecnologias-chave, atrasando o cronograma. Relatos da imprensa local indicam que um esforço de cooperação com uma empresa americana pode ter destravado o projeto.

Essa não é a primeira experiência do NCSIST no setor. Nos anos 1990, o instituto desenvolveu o CS/ALQ-74, baseado em carcaças de pods ALQ-131 importadas, integradas a sistemas nacionais de guerra eletrônica. O protótipo chegou a ser instalado na aeronave de ataque experimental XA-3, mas o programa foi cancelado. Outro sistema, o CD-1, foi produzido para o treinador AT-3, com foco em missões de treinamento.

O C-130H da ROCAF com pods de contramedidas eletrônicas instalados nos pilones subalares. Foto: Formosa Aviation & Military Image Press.

Atualmente, a ROCAF opera 129 F-CK-1, que representam mais de um terço de sua frota de caça. Embora tenham passado por uma profunda modernização há cerca de uma década, os Ching-kuo continuam sem sistemas ECM embarcados, contando apenas com receptores de alerta de radar. Isso limita seriamente sua sobrevivência em um cenário de conflito contra a China continental, onde a densa rede de radares e mísseis antiaéreos representa uma ameaça constante.

A ausência de um pod ECM em mais de 30 anos de serviço do F-CK-1 reflete não apenas as limitações da indústria de defesa taiwanesa, mas também os desafios geopolíticos que o país enfrenta para acessar tecnologias sensíveis. O avanço recente, ainda que tardio, mostra uma mudança de prioridade diante do crescimento da ameaça no Estreito de Taiwan e da necessidade de reforçar a guerra eletrônica como pilar da defesa aérea da ilha.

C-130H da ROCAF com pod de EW. Foto: Formosa Aviation & Military Image Press.

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