Plano militar prevê aquisição de helicópteros de transporte para operações especiais, evacuação médica e combate a incêndios, substituindo a frota NH90 TTH
Em 24 de agosto de 2025, o jornal L’Avenir destacou que a Bélgica formalizou a intenção de adquirir uma nova frota de helicópteros de transporte médio e pesado, decisão aprovada pelo Conselho de Ministros em 18 de julho. O investimento, estimado em 1,289 bilhão de euros, está vinculado à categoria “Unidade de Tarefa Aérea SO – Helicópteros de Transporte Médio/Pesado”, focada no apoio às operações especiais e na manutenção das obrigações da OTAN. O primeiro compromisso financeiro está previsto para 2033, alinhado à meta belga de manter gastos de defesa em 2% do PIB.
Segundo o planejamento, os novos helicópteros terão múltiplas funções: transportar forças de operações especiais com seus equipamentos, realizar evacuações médicas e apoiar missões de combate a incêndios em território nacional. A aquisição pretende preencher lacunas deixadas pela retirada planejada da frota NH90 TTH, em serviço há pouco mais de uma década. Atualmente, a Bélgica opera quatro NH90 TTH, mas os altos custos operacionais (estimados entre 10.000 e 15.000 euros por hora de voo), baixa disponibilidade e histórico restrito de implantação – com destaque para uma única missão no Mali em 2018 sob a MINUSMA – levaram à decisão de aposentadoria.
Para manter suporte às operações até a substituição total, o país aderiu a um contrato multinacional de suporte NH90 junto à França e Alemanha, cobrindo necessidades remanescentes. Entretanto, essa medida deixa uma lacuna estratégica em transporte médio e pesado, que o novo projeto busca preencher.
A Base Aérea de Beauvechain, em Brabante Flamengo, deverá abrigar a nova frota, embora a localização ainda não tenha sido confirmada oficialmente. Desde 2010, Beauvechain concentra as operações de asas rotativas belgas e vem recebendo investimentos em infraestrutura. Em junho de 2025, o governo aprovou 96 milhões de euros para receber 15 helicópteros multifuncionais leves Airbus H145M e cinco aeronaves de decolagem e pouso curta para forças especiais, com previsão de entrada em serviço a partir de 2027. Esses helicópteros substituirão o Agusta A109 Hirundo e o NH90 TTH, cumprindo funções leves de transporte, reconhecimento e suporte.
O Ministro da Defesa Theo Francken indicou em discussões parlamentares de julho de 2025 que a Bélgica pretende adquirir 11 helicópteros de transporte médio-pesado, mencionando especificamente o Boeing CH-47F Chinook como uma possibilidade, sem descartar outras alternativas. A necessidade operacional é clara: transportar uma unidade de paracomando com mais de 100 soldados em um único voo, capacidade que atualmente só helicópteros pesados americanos podem atender, como o CH-47F Chinook e o Sikorsky CH-53. Embora o Airbus H225M Caracal pudesse ser considerado, sua carga útil de 5.700 kg é aproximadamente metade da capacidade de 10.000 kg do Chinook.
O CH-47F Chinook é um helicóptero de transporte pesado com configuração de rotor duplo, permitindo maior eficiência de carga e alcance operacional. A versão Block II, atualmente em produção, oferece fuselagem reforçada, trem de força atualizado, aviônica digital e sistema de carga reconfigurável. Pode transportar até 10 toneladas interna ou externamente e possui capacidade de reabastecimento em voo, tornando-o ideal para transporte estratégico de tropas, equipamentos e evacuação médica. A escolha do Chinook também traria benefícios de interoperabilidade com a OTAN, já que Alemanha, Holanda, Reino Unido, Espanha, Grécia e Itália operam o modelo.
O projeto de helicópteros médios e pesados integra uma modernização mais ampla das Forças Armadas Belgas entre 2026 e 2034. O plano prevê ainda a compra de helicópteros H145M leves, novos helicópteros de busca e salvamento para liberar os NH90 navais e modernizações na frota marítima NH90 sob a parceria BENESAM com a Holanda. Conceitos de operação combinando helicópteros tripulados e drones também estão previstos, ampliando o alcance e a capacidade das missões táticas.
Embora o financiamento já tenha sido aprovado e a data de início definida para 2033, os futuros governos belgas precisarão garantir a execução do plano para que o país recupere plenamente sua capacidade de transporte estratégico e continue atendendo às expectativas da OTAN
