A Coreia do Sul acaba de dar um passo importante na sua estratégia de defesa aérea. Pela primeira vez, o país revelou imagens de uma nova variante de míssil ar-ar (AAM) integrada ao moderno sistema L-SAM, um projeto desenvolvido inteiramente pela indústria nacional. Até agora, o L-SAM era voltado principalmente para interceptar mísseis balísticos em grande altitude, mas, com essa novidade, ele ganha também a capacidade de enfrentar ameaças que voam mais baixo, como caças inimigos e mísseis de cruzeiro — ampliando de forma significativa seu campo de atuação.
A produção em série já começou, e uma versão naval está a caminho para substituir os mísseis da série SM fornecidos pelos Estados Unidos. Nos bastidores, a Coreia do Sul negocia exportações para países do Oriente Médio e mantém no radar clientes como Polônia, Austrália, Filipinas e algumas nações do norte europeu. Paralelamente, os engenheiros sul-coreanos trabalham no L-SAM-II, que deve trazer melhorias ainda mais avançadas.
O novo AAM é fabricado pela LIG Nex1 e faz parte de uma configuração multimíssil que permite ao L-SAM lançar, no mesmo sistema, tanto interceptores antibalísticos quanto mísseis ar-ar. A Hanwha Aerospace é responsável pela produção dos mísseis ABM, enquanto a Hanwha Systems desenvolve o potente radar AESA (Active Electronically Scanned Array) que equipa o sistema. Na prática, esse míssil foi projetado para alcançar alvos a longas distâncias, em altíssima velocidade, e lidar com ameaças que seguem trajetórias complexas.
O L-SAM pode atingir alvos a mais de 150 km, viajando entre Mach 4 e Mach 5. Ele usa um motor de dois estágios — primeiro um foguete sólido, seguido por um propulsor de alta energia — para manter velocidade e precisão mesmo em grandes altitudes. Seu sistema de guiagem combina navegação inercial, atualizações via enlace de dados e radar ativo na fase final, garantindo alta precisão mesmo contra alvos que manobram em meio a bloqueios eletrônicos. O lançamento vertical garante cobertura total, sem depender de girar o lançador, o que reduz o tempo de reação.
O radar AESA, com alcance estimado de 600 km, rastreia vários alvos ao mesmo tempo, incluindo aeronaves furtivas e veículos hipersônicos planadores. Em comparação com sistemas já consagrados como o PAC-2 GEM-T ou o SM-2 americano, o L-SAM aposta em uma filosofia “dispare e esqueça” e na modularidade, podendo operar tanto em terra quanto no mar — algo que amplia muito sua versatilidade.
Na prática, o sistema pode carregar interceptores ABM e AAM juntos, permitindo adaptar rapidamente cada bateria à ameaça do momento, seja uma chuva de mísseis de cruzeiro, um ataque coordenado com drones ou a aproximação de mísseis balísticos de longo alcance. Integrado a outros sistemas nacionais, como o KM-SAM e o C-Dome, o L-SAM forma a camada de defesa mais alta de uma rede integrada de proteção.
A apresentação desse novo míssil acontece em um cenário regional tenso. A Coreia do Norte vem intensificando seus testes de mísseis, incluindo modelos mais avançados e manobráveis, enquanto a China mantém uma postura militar cada vez mais firme no Mar Amarelo e no Mar da China Oriental.
Ao criar um sistema capaz de substituir armamentos norte-americanos, Seul dá um passo claro em direção à autonomia tecnológica e à soberania na área de defesa. Ao mesmo tempo, se posiciona para competir no mercado global com sistemas como o David’s Sling, de Israel, e o SAMP/T NG, da Europa.
No fim, a integração do novo AAM ao L-SAM não é só um avanço tecnológico — é também um movimento estratégico. Ele reforça a capacidade da Coreia do Sul de se proteger contra ameaças múltiplas, abre portas para exportações e consolida o país como um dos principais nomes da defesa aérea no cenário mundial.