A República Democrática do Congo está passando por um momento crucial em sua história militar com a chegada de uma grande leva de veículos blindados vindos dos Emirados Árabes Unidos. Mais de 100 unidades já estão a caminho, fornecidas pelo International Golden Group, uma das principais empresas de defesa dos Emirados. Essa aquisição acontece em meio a uma persistente instabilidade na região leste do país, onde grupos rebeldes, como o M23, seguem ativos, realizando ataques surpresa, emboscadas e utilizando explosivos improvisados para desestabilizar ainda mais a área.
O Kasser II, o principal modelo dessa remessa, não é apenas um blindado comum. Projetado para resistir a minas terrestres e emboscadas, ele é um verdadeiro escudo sobre rodas para os soldados que enfrentam diariamente o perigo de zonas marcadas por conflitos assimétricos. O blindado pode transportar até onze pessoas, entre tripulação e passageiros, oferecendo proteção balística de alto nível contra tiros e estilhaços, além de resistir a explosões poderosas sob sua carroceria — uma característica vital para garantir a sobrevivência em terrenos infestados por minas e IEDs.
Com motor potente e capacidade para alcançar velocidades surpreendentes para um veículo desse porte, o Kasser II combina mobilidade com segurança. Isso é fundamental para permitir que as tropas se movimentem rapidamente e reajam a ameaças inesperadas, sem sacrificar a proteção. Além disso, sua estação remota de armas oferece flexibilidade no campo de batalha, podendo ser equipada com metralhadoras pesadas ou lançadores de granadas, garantindo apoio de fogo preciso e eficaz.
As entregas, que começaram em 2024, continuam a reforçar pontos estratégicos do país — de portos como Matadi até cidades como Kisangani e Kindu, chegando especialmente às regiões onde o conflito é mais intenso. A presença desses veículos já pode ser sentida nas operações contra o M23, oferecendo às forças congolesas uma vantagem tática ao proteger os soldados contra ataques violentos e armadilhas explosivas que antes causavam grandes perdas.
Além do aspecto militar, essas compras refletem também uma movimentação geopolítica significativa. O aumento da presença de equipamentos militares dos Emirados na África Central está ligado a interesses econômicos mais amplos, como negociações de mineração e parcerias estratégicas. No caso do Congo, há sinais claros de que os acordos em torno da mina Musonoï East — um dos maiores depósitos de cobre e cobalto do mundo — estão diretamente conectados a essas aquisições, indicando que a segurança e a economia estão profundamente entrelaçadas.
No cenário africano, o Kasser II também vem ganhando espaço em outros países, como o Togo, onde tem sido usado para combater ameaças terroristas e proteger fronteiras sensíveis. Essa adoção crescente demonstra a confiança na tecnologia dos Emirados para enfrentar os desafios de segurança atuais, especialmente em regiões afetadas por conflitos assimétricos e ameaças internas.
Para os soldados que encaram o dia a dia nas áreas de conflito, o Kasser II é mais do que um veículo blindado. É a diferença entre a vida e a morte. Sua resistência, mobilidade e poder de fogo representam uma promessa de segurança e um alento em meio à dureza da guerra. E para o Congo, a chegada desses blindados sinaliza uma tentativa clara de recuperar o controle sobre seu território e de proteger seu povo, mesmo diante de um cenário complexo e desafiador.
