Indonésia avalia transformar o ex‑porta‑aviões italiano Giuseppe Garibaldi em uma plataforma naval para drones

ITS Giuseppe Garibaldi C551 Aircraft Carrier Italian Navy

A Indonésia está avaliando a possibilidade de adquirir o ex-porta-aviões italiano ITS Giuseppe Garibaldi (C-551), que foi descomissionado pela Marinha Italiana em outubro de 2024, após ser substituído pelo novo navio anfíbio de assalto ITS Trieste. Além do navio, há relatos sobre o interesse na transferência das aeronaves AV-8B Harrier II, que operavam no Garibaldi, visando ampliar as capacidades aéreas da Marinha Indonésia. Em julho de 2025, a empresa italiana Fincantieri realizou uma visita oficial a Jacarta para apresentar uma proposta formal de conversão do Garibaldi para a Marinha da Indonésia. A delegação foi composta por nomes importantes da Fincantieri, incluindo o ex-comandante do navio Marco Guerriero, o diretor de engenharia Nicola Tria e o responsável pelo retrofit Corrado Canepa, entre outros especialistas da empresa. O Giuseppe Garibaldi tem 180,2 metros de comprimento e desloca cerca de 14.150 toneladas, com capacidade para operar até 18 aeronaves, incluindo os AV-8B Harrier e helicópteros como o SH-3D, NH90 ou AW101. O navio tem um histórico de participação em missões de combate e humanitárias, atuando em locais como Haiti, Kosovo, Somália e Líbia.

Desativação do porta-aviões italiano 'Giuseppe Garibaldi' - Poder Naval

A proposta de conversão, apresentada pela Fincantieri, está organizada em quatro principais áreas de trabalho, embora detalhes específicos não tenham sido amplamente divulgados até o momento. Essa iniciativa faz parte de uma aproximação estratégica mais ampla entre Indonésia e Itália, evidenciada pelo contrato de €1,18 bilhão firmado em março de 2024 para a aquisição de dois navios da classe PPA (Multipurpose Combat Ship), entregues em janeiro de 2025 como KRI Brawijaya-320 e Prabu Siliwangi-321. Durante a feira Indodefence 2025, foi exibido um modelo conceitual do Giuseppe Garibaldi modificado, apresentando duas ilhas ao invés de uma, sinalizando adaptações para a operação de drones. Destacou-se também o uso do drone naval Bayraktar TB3, que a Indonésia planeja fabricar localmente em parceria com a Baykar da Turquia e a empresa local Republikorp. O plano inclui a aquisição de cerca de 60 unidades do TB3 e 9 drones Akinci MALE, que já passaram por testes operacionais em porta-aviões como o TCG Anadolu, demonstrando capacidade de pouso vertical e operações em ski-jump.

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A conversão do Giuseppe Garibaldi posicionaria a Indonésia como o primeiro país do Sudeste Asiático a operar um porta-aviões dedicado à operação de drones, o que traria vantagens significativas para a vigilância marítima, controle das zonas cinzentas estratégicas e patrulha contínua em águas contestadas, especialmente no Mar do Sul da China. Essa plataforma permitiria à Indonésia realizar missões de inteligência, reconhecimento, evacuação médica e logística em uma área geográfica vasta e complexa, fortalecendo sua presença naval sem necessariamente provocar escaladas de tensões regionais. Além disso, essa movimentação está alinhada com a estratégia indonésia de expansão e modernização de sua frota naval, que inclui planos para construir pelo menos quatro porta-helicópteros ou navios anfíbios, além de fragatas e navios patrulha. Apesar do entusiasmo, especialistas recomendam cautela, pois existem desafios financeiros e logísticos relevantes, e o país também avalia alternativas domésticas, como a construção local por meio do estaleiro PT PAL ou parcerias com estaleiros estrangeiros como a Hyundai.

Arquivos Giuseppe Garibaldi (CVH-551) - Poder Naval

Até julho de 2025, não houve decisão formal por parte do governo indonésio sobre a aquisição do Giuseppe Garibaldi. As negociações permanecem em nível intergovernamental entre Itália e Indonésia. Estima-se que o navio ainda possui uma vida operacional de 15 a 20 anos, caso seja adquirido e adequadamente reformado conforme as especificações desejadas pela Marinha Indonésia. O valor especulado para a venda do navio gira em torno de US$ 390 milhões, embora essa cifra não tenha sido confirmada oficialmente. A proposta da Fincantieri para a conversão inclui a adaptação para operar drones Bayraktar TB3 e helicópteros modernos, o que representa uma inovação tecnológica significativa para a capacidade naval da Indonésia. Esse movimento também reforça a cooperação entre os dois países, consolidando a presença da Itália como parceira estratégica da Indonésia no setor de defesa naval.

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