A Marinha da Índia comissionou oficialmente, nesta sexta-feira, 18 de julho de 2025, o INS Nistar, seu primeiro navio de apoio ao mergulho totalmente projetado e construído em território nacional. A cerimônia, realizada em Visakhapatnam, contou com a presença do Ministro de Estado da Defesa, Shri Sanjay Seth, de autoridades navais, representantes civis, membros da antiga tripulação do Nistar original e representantes da Hindustan Shipyard Limited — estaleiro responsável pela construção da embarcação. O INS Nistar marca um divisor de águas na capacidade naval indiana, sendo o primeiro de dois navios desse tipo — o segundo, INS Nipun, deverá ser comissionado ainda este ano.
Com 118 metros de comprimento e deslocando mais de 10 mil toneladas, o INS Nistar não é um navio de combate tradicional, como contratorpedeiros ou fragatas, mas sim uma plataforma altamente especializada. Foi concebido para conduzir operações de mergulho de saturação e resgates em águas profundas, uma capacidade disponível apenas a algumas marinhas no mundo. Ele também será a base de operação dos DSRVs (veículos de resgate submarino de profundidade) adquiridos pela Índia em 2018 e 2019, fortalecendo substancialmente a prontidão e o alcance operacional da Marinha em cenários de emergência subaquática.
Durante a cerimônia, Shri Sanjay Seth destacou a incorporação do INS Nistar como um marco no desenvolvimento da indústria naval indiana, enaltecendo os avanços alcançados por meio da campanha “Aatmanirbhar Bharat” (Índia Autossuficiente). Ele reafirmou que todos os 57 navios atualmente em construção para a Marinha Indiana estão sendo produzidos localmente, ressaltando o papel da Índia como uma força naval preparada para o futuro, determinada a enfrentar qualquer adversidade. O Ministro também classificou o Nistar como um salto tecnológico significativo, essencial para consolidar o país como parceiro de segurança preferencial na região do Oceano Índico.
O Chefe do Estado-Maior Naval, Almirante Dinesh K. Tripathi, definiu o navio como um facilitador operacional crucial. Segundo ele, o Nistar proverá suporte vital não apenas à Marinha Indiana, mas também a países vizinhos, permitindo que a Índia atue como um polo regional de resgate de submarinos. Ele acrescentou que o comissionamento do Nistar é uma demonstração clara da maturidade e sofisticação alcançadas pela base industrial marítima nacional.
A embarcação está equipada com tecnologias de ponta, como veículos operados remotamente (ROVs), botes salva-vidas hiperbáricos autopropelidos, câmaras de compressão, um sino de mergulho com capacidade para levar seis mergulhadores a até 300 metros de profundidade e uma suíte de saturação que comporta 12 pessoas. O navio também possui um guindaste capaz de atingir profundidades de 650 metros e ROVs que operam a até 1.000 metros. Com sistema de posicionamento dinâmico DP-2, o Nistar é capaz de se manter estabilizado mesmo em mares agitados, o que é essencial para operações de resgate de precisão.
Além de suas capacidades técnicas, o INS Nistar conta com uma infraestrutura hospitalar de ponta, com leitos, UTI, centro cirúrgico e capacidade de acomodar até 220 pessoas. A bordo, encontra-se um bote salva-vidas hiperbárico exclusivo que permite evacuação de mergulhadores sob pressão durante emergências. Toda a sua operação é gerida por um Sistema Integrado de Gerenciamento de Plataforma (IMPS), desenvolvido nacionalmente. Mais de 80% dos seus sistemas e componentes são de origem indiana, com participação ativa de 120 micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) no processo de construção.
A história do INS Nistar remonta ao início da força submarina da Índia, com o comissionamento do antigo Nistar em 1971. Aquele navio, originário de reservas russas, permitiu os primeiros treinamentos de mergulho profundo e o desenvolvimento de capacidades de resgate submarino. Ao longo dos anos, navios como o INS Amba e o INS Nireekshak preencheram lacunas operacionais, mas sempre de forma provisória ou adaptada. A verdadeira virada veio com a aquisição dos modernos DSRVs britânicos, que, até agora, não dispunham de plataformas dedicadas para operação. O Nistar e seu navio irmão Nipun resolvem essa questão de forma definitiva.
Em um contexto geopolítico em que o número de submarinos operando na região do Oceano Índico ultrapassa 70 em qualquer momento e continua a crescer, a necessidade de uma capacidade robusta de resgate e apoio subaquático torna-se cada vez mais crítica. Ao mesmo tempo, a proliferação de infraestrutura submersa e a sofisticação das ameaças submarinas exigem meios mais avançados de vigilância, reparo e apoio. O INS Nistar permite à Índia não apenas atender às suas próprias necessidades estratégicas, mas também oferecer ajuda a parceiros regionais em situações de crise, fortalecendo seu papel como potência marítima responsável.
Mais do que uma conquista industrial ou tecnológica, o INS Nistar representa um novo capítulo na postura de segurança cooperativa da Índia. Ao dispor de meios únicos para salvar vidas em situações extremas, treinar mergulhadores de elite e realizar reparos complexos em grandes profundidades, o país afirma sua liderança no Oceano Índico. E, com isso, carrega a responsabilidade — e a disposição — de colocar essas capacidades a serviço da estabilidade regional e do bem comum.