.
O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, anunciou em 10 de outubro, durante o discurso do Dia Nacional em Taipei, o lançamento do T-Dome, um novo sistema integrado de defesa aérea e antimísseis destinado a reforçar a proteção da ilha contra ameaças aéreas, de foguetes e de mísseis balísticos. O governo afirmou que apresentará um orçamento especial até o fim do ano para financiar parte do programa.
De acordo com o ministro da Defesa, Wellington Koo, o T-Dome será estruturado no conceito “do sensor ao atirador”, buscando integrar radares, sistemas de comando e diversos interceptores para oferecer uma resposta mais rápida e coordenada a ataques. O objetivo é unificar subsistemas operados separadamente pela Força Aérea, Exército, Marinha e Corpo de Fuzileiros Navais, que atualmente utilizam equipamentos e redes de comando distintos.

Os sistemas Patriot PAC-2 e PAC-3 de Taiwan ainda não foram totalmente integrados aos mísseis Tien Kung, de fabricação nacional. (Ministério da Defesa Nacional da República da China)
Taiwan opera hoje uma variedade de sistemas, incluindo os mísseis Patriot PAC-2 e PAC-3 fornecidos pelos Estados Unidos, além da família de mísseis nacionais Tien Kung (Arco Celeste). Nos últimos anos, foi implantado o sistema Huan Wang, concebido para integrar os mísseis Tien Kung com os Patriot, mas dificuldades técnicas e administrativas têm limitado a consolidação total do comando e controle. A Força Aérea também deverá receber o sistema de defesa antimíssil Chiang Kung/Tien Kung 4 e o sistema NASAMS, aumentando a complexidade da integração operacional.
sistema NASAMS
Além da defesa contra mísseis balísticos e de cruzeiro, o governo estuda a implementação de capacidades C-RAM (Counter-Rocket, Artillery and Mortar) para lidar com ataques de saturação, incluindo possíveis lançamentos de foguetes de longo alcance a partir de sistemas como o PHL-16 do Exército de Libertação Popular. Uma versão produzida localmente do sistema Iron Dome de Israel é considerada como possível solução.
Durante a feira de defesa TADTE 2025, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Chung-Shan assinou um memorando de entendimento com a norte-americana Northrop Grumman para avaliar um sistema integrado de comando de batalha capaz de unificar sensores e efetores sob uma única rede de C2.

O sistema Iron Dome da Rafael poderia potencialmente ser aproveitado para uma capacidade C-RAM taiwanesa. (Rafael)
Lai afirmou que o T-Dome foi inspirado no sistema israelense Iron Dome e no projeto norte-americano Golden Dome. Fontes citadas pela imprensa internacional indicam que Taiwan, Israel e os Estados Unidos estariam conduzindo intercâmbio técnico discreto, com semelhanças observadas entre o míssil Chiang Kung e o míssil Arrow 2 israelense, bem como entre o radar AESA taiwanês e o radar Green Pine.

sistema de mísseis antibalísticos Chiang Kung
A cooperação militar entre Taiwan e Israel remonta à década de 1970, quando o míssil antinavio Hsiung Feng 1 foi desenvolvido com base no míssil Gabriel. Embora o relacionamento tenha sido reduzido no final do século XX, a colaboração em defesa tem se intensificado nos últimos anos.
O governo de Lai planeja elevar os gastos com defesa para mais de 3% do PIB no próximo ano e para até 5% até 2030, com foco na modernização de equipamentos e no fortalecimento da indústria de defesa local. A iniciativa ocorre em meio ao aumento das incursões aéreas e navais da China no Estreito de Taiwan.
Pequim criticou o anúncio, afirmando que Taiwan permanece parte de seu território e acusando o governo da ilha de elevar desnecessariamente as tensões. O Ministério das Relações Exteriores da China declarou que buscar a defesa por meio de fortalecimento militar “prejudica a estabilidade regional”.
Analistas apontam que a implementação plena do T-Dome deverá ocorrer em longo prazo e exigirá investimentos significativos, especialmente na integração de sistemas heterogêneos e no desenvolvimento de redes unificadas de comando e controle.

