EUA avaliam operação militar secreta contra cartéis de drogas no México

Soldados na fronteira entre os EUA e o México em Douglas, Arizona, 21 de abril. Adriana Zebrauskas / The New York Times / Redux Pictures

O governo dos Estados Unidos está avaliando o lançamento de uma operação militar secreta no México para atingir laboratórios de drogas e líderes de cartéis, segundo autoridades americanas citadas pela NBC News. O plano, desenvolvido durante o governo Trump, prevê o uso combinado de unidades de elite e agências de inteligência em território mexicano.

De acordo com informações preliminares, a proposta envolve o envio de forças do Comando Conjunto de Operações Especiais (JSOC) e agentes da CIA para realizar ações cirúrgicas contra alvos de alto valor ligados ao tráfico de fentanil e cocaína. As operações seriam conduzidas sob o Título 50 do Código dos EUA, que regulamenta atividades de inteligência e autoriza missões secretas no exterior.

O planejamento operacional já estaria em andamento, embora nenhuma decisão final tenha sido tomada pela Casa Branca. A operação, caso aprovada, seria mantida em sigilo e não teria divulgação pública de seu início, visando reduzir repercussões políticas e diplomáticas.

A iniciativa surge após o Departamento de Estado dos EUA designar, em fevereiro, seis cartéis mexicanos — incluindo o de Sinaloa e o Jalisco Nova Geração — além dos grupos MS-13 e Tren de Aragua, como organizações terroristas estrangeiras. Essa designação amplia as prerrogativas legais das forças armadas e das agências de inteligência para conduzir ações ofensivas fora do território norte-americano.

Presidente mexicana Claudia Sheinbaum. Fonte: Bloomberg/Bloomberg via Getty Images

Se concretizada, a missão marcaria a primeira operação direta dos Estados Unidos em solo mexicano voltada ao combate aos cartéis de drogas. O governo do México já reagiu com preocupação. A presidente Claudia Sheinbaum afirmou que seu país “coopera e se coordena com Washington, mas não se submete”, reforçando a soberania mexicana diante da proposta.

Trump tem defendido abertamente o uso de força militar para conter o narcotráfico, alegando que os cartéis representam uma ameaça à segurança nacional dos EUA. Durante seu governo anterior, ele autorizou ataques a embarcações suspeitas de tráfico na costa da Venezuela, resultando em mais de 60 mortes.

Segundo o ex-presidente, as medidas tradicionais de combate ao tráfico mostraram-se insuficientes para conter o fluxo de drogas sintéticas, em especial o fentanil, que continua alimentando a crise de overdose nos Estados Unidos. “Somente ações militares e ataques diretos podem destruir as redes criminosas que controlam o México”, afirmou Trump em recentes declarações.

Centenas de quilos de fentanil e metanfetamina apreendidos perto de Ensenada chegam ao gabinete do procurador-geral em Tijuana, México, em 18 de outubro de 2022. Foto de arquivo de Salvan Georges/The Washington Post via Getty Images.

O Pentágono, por sua vez, confirmou a destruição de quatro embarcações de narcotráfico no Oceano Pacífico em operações recentes. Autoridades americanas argumentam que os cartéis expandiram suas rotas marítimas e aéreas, aumentando a urgência de medidas mais agressivas.

Fontes próximas ao Departamento de Defesa indicam que o plano ainda depende de aprovação política e de negociações diplomáticas com o governo mexicano, mas reforçam que a administração Trump considera o combate direto aos cartéis uma prioridade estratégica para conter o tráfico de drogas e a violência associada.

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