O Azerbaijão apresentou o sistema de defesa aérea de longo alcance HQ-9BE durante um ensaio noturno para um desfile militar em Baku, conforme imagens divulgadas em 4 de novembro de 2025. A gravação mostra pelo menos dois lançadores-transportadores do sistema, indicando a entrega e a integração inicial do equipamento às Forças Armadas do país.

A confirmação visual torna o Azerbaijão o quarto operador conhecido do HQ-9BE, após Marrocos, Paquistão e Egito. A presença de uma bateria completa sugere que o sistema está pronto para exibição pública e potencial implantação operacional. O equipamento deve substituir ou complementar unidades S-300PMU-2 já em uso, ampliando o alcance de engajamento e reforçando a camada de defesa aérea de longo alcance do Azerbaijão.

O HQ-9BE, também conhecido na exportação como FD-2000B, é produzido pela Corporação Chinesa de Importação e Exportação de Máquinas de Precisão (CPMIEC), em cooperação com a Norinco e a CATIC. A versão exportada foi apresentada internacionalmente na feira IDEX 2025, em Abu Dhabi. O sistema foi desenvolvido para interceptar aeronaves, mísseis de cruzeiro, mísseis ar-superfície e mísseis balísticos táticos.

O sistema possui alcance operacional estimado de até 250 km, teto de interceptação de cerca de 50 km e capacidade para engajar até oito alvos simultaneamente, guiando até 16 mísseis ao mesmo tempo. A velocidade do míssil ultrapassa Mach 4, utilizando guiamento por radar semiactivo com atualizações via enlace de dados. O sistema é descrito como capaz de operar em ambientes de guerra eletrônica, integrando-se a redes de defesa aérea multicamadas.

O lançador é instalado no chassi 8×8 TA580/TAS5380 da Taian Special Vehicle Company, com capacidade de carga de 20 toneladas. O veículo tem comprimento de 11 metros, é movido por motor diesel turboalimentado de 517 hp, pode atingir velocidade de até 80 km/h e possui alcance de 800 km. Cada lançador transporta quatro mísseis de lançamento vertical, permitindo cobertura de 360 graus e reposicionamento rápido.

O HQ-9BE integra-se a outras camadas já existentes no Azerbaijão, que incluem sistemas russos Tor-M2E e S-300, bem como a família israelense Barak-8. A combinação permite uma arquitetura de defesa aérea estratificada com capacidade de engajamento em diferentes altitudes e distâncias. A mobilidade da plataforma possibilita redistribuição rápida para proteção de áreas estratégicas, como Baku, o litoral do Mar Cáspio e infraestrutura energética.

O sistema está estimado em aproximadamente US$ 1,5 bilhão por regimento, valor inferior ao de sistemas comparáveis como o Patriot norte-americano ou o S-400 russo. Essa relação de custo e cobertura operacional tem contribuído para o aumento das exportações chinesas de defesa aérea de longo alcance.

Marrocos, Paquistão e Egito já operam variantes do HQ-9BE/FD-2000B em suas redes de defesa aérea. No Paquistão, o sistema compõe a camada superior da defesa em torno de Islamabad e Rawalpindi, enquanto no Egito cobre áreas estratégicas como o Canal de Suez e o litoral do Mar Vermelho. Marrocos integra o sistema a outras plataformas adquiridas entre 2016 e 2020.

A presença do HQ-9BE no Azerbaijão marca a primeira confirmação pública da entrega de um sistema chinês de defesa aérea de longo alcance ao Cáucaso do Sul. A aquisição amplia o portfólio de fornecedores de Baku e reforça a diversificação de sua infraestrutura militar, que atualmente combina equipamentos de origem russa, israelense e agora chinesa.