
Um fuzil FN FAL de fabricação argentina, apreendido durante operações das forças de segurança brasileiras nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, pode estar relacionado ao roubo de armas ocorrido no Batalhão 603 “San Lorenzo”, na cidade argentina de Fray Luis Beltrán, há 14 anos.
As autoridades brasileiras identificaram o fuzil entre dezenas de armas de guerra apreendidas durante as recentes operações nas favelas do Alemão e da Penha, que tiveram repercussão internacional. O armamento levantou suspeitas devido ao emblema argentino e à marca Fabricaciones Militares (FM), registrada nas armas do Exército da Argentina.
O caso remonta a uma investigação iniciada em 2010, quando armas com o mesmo selo começaram a aparecer em confrontos no Brasil e no Paraguai. A apuração revelou que 43 fuzis completos e cerca de 2.500 componentes de FN FAL desapareceram do Batalhão 603, quantidade suficiente para montar até 400 rifles.
Durante as buscas no quartel argentino, o então chefe da seção de armamentos, sargento Hernán Diego Solís, morreu após disparar contra si. A investigação apontou falhas graves nos controles internos e resultou na descoberta de um esquema de corrupção envolvendo militares da unidade.
Em 2015, o jornal La Nación noticiou um novo desvio: 19.600 munições de calibres 9 mm e 32 foram subtraídas do mesmo batalhão, levando à abertura de processos judiciais e ao fechamento da unidade, determinado pelo então ministro da Defesa, Agustín Rossi.
As instalações foram reabertas em 2022 como centro de recuperação e modernização de veículos militares. Contudo, diante das reincidências em furtos e da fragilidade dos controles logísticos, o governo argentino declarou a Fábrica Militar Fray Luis Beltrán como “zona militar” em abril de 2024, com segurança reforçada e monitoramento constante.



