O Brasil demonstrou interesse no sistema de defesa aérea Akash-NG, da Índia, após Nova Délhi oferecer transferência de tecnologia (ToT) da versão base do sistema Akash. A negociação pode evoluir para um acordo de compensação comercial (offset) vinculado ao programa do avião multimissão KC-390 Millennium que participa do programa indiano MTA.
O diálogo entre os governos do Brasil e da Índia envolve a possível aquisição do sistema Akash-NG, desenvolvido pela Defence Research and Development Organisation (DRDO) e produzido pela Bharat Dynamics Limited (BDL) e Bharat Electronics Limited (BEL). As tratativas incluem a oferta de transferência de tecnologia e a possibilidade de produção local, dentro de um modelo de cooperação industrial e offsets estratégicos.
Fontes indicam que a compra do sistema poderá ser estruturada como parte de acordos de compensação comercial relacionados ao programa do avião de transporte tático KC-390 Millennium, fabricado pela Embraer. O modelo brasileiro tem sido oferecido à Força Aérea Indiana (IAF), e eventuais contrapartidas industriais podem incluir cooperação em sistemas de defesa, como o Akash-NG.

O Akash-NG é a versão de nova geração do sistema de mísseis superfície-ar indiano Akash, projetado para interceptar aeronaves, mísseis de cruzeiro e veículos aéreos não tripulados em altitudes elevadas. O sistema possui motor de foguete de pulso duplo, buscador ativo de radar em banda Ku e lançadores em contêineres transportáveis por estrada, ferrovia ou ar.
O míssil possui alcance estimado entre 70 e 80 quilômetros e pode engajar múltiplos alvos simultaneamente, com recarga rápida de até dois conjuntos de mísseis em menos de dez minutos. A DRDO concluiu os primeiros testes em 2021 e prepara a fase final de qualificação antes da entrada em serviço pleno nas Forças Armadas indianas.
O Brasil avalia o sistema como parte do esforço de modernização de sua defesa antiaérea de médio alcance, buscando substituir equipamentos obsoletos e integrar novos sensores e sistemas de comando e controle.
Durante as discussões, o Brasil teria manifestado preferência pela versão Akash-NG, enquanto a Índia inicialmente propôs o modelo Akash-1S, de menor alcance e tecnologia anterior. Essa diferença técnica levou à reavaliação das negociações, com o Exército Brasileiro também considerando alternativas europeias, como o sistema EMADS, da MBDA, que utiliza o míssil CAMM-ER.
Apesar das divergências iniciais, Índia e Brasil mantêm interesse em ampliar a cooperação bilateral em defesa, com foco em transferência de tecnologia, integração industrial e possíveis compensações associadas ao programa KC-390. A continuidade das negociações dependerá da disponibilidade indiana em ofertar a versão avançada do Akash-NG em condições compatíveis com os requisitos operacionais e prazos brasileiros.




