O fabricante russo Uralvagonzavod (UVZ) divulgou nesta semana imagens do veículo blindado de combate BMPT Terminator em ação. No entanto, especialistas e observadores notaram vibração nos canhões automáticos gêmeos 2A42 de 30 mm durante os disparos, levantando dúvidas sobre a precisão e a capacidade de estabilização da plataforma em condições de combate real.

O BMPT Terminator foi concebido no início dos anos 2000 para fornecer apoio a tanques em ambientes urbanos e combates corpo a corpo. A plataforma combina dois canhões automáticos 2A42 de 30 mm, dois lançadores de mísseis antitanque Ataka e uma metralhadora, projetados para unir a mobilidade de um veículo de combate de infantaria com o poder de fogo de um tanque.

O vídeo divulgado pela UVZ tinha o objetivo de mostrar o poder de fogo do veículo, mas a filmagem revelou vibração visível dos canhões durante disparos automáticos, sugerindo dificuldades em manter a precisão. As imagens circularam amplamente nas redes sociais russas, gerando críticas de observadores da defesa e historiadores militares que questionaram a utilidade real do veículo em combate.

O pesquisador Andrey Tarasenko destacou que o BMPT não é usado em operações há mais de um ano e que seu armamento atual prioriza aparência em detrimento da funcionalidade. Segundo ele, o projeto original incluía um canhão, um lançador de granadas estabilizado e quatro mísseis Kornet, mas foi alterado para adicionar um segundo canhão, abandonando os sistemas de granadas estabilizadas e os Kornets, resultando em menor capacidade de fogo preciso.

Apesar das alegações da UVZ de que o BMPT possui proteção completa, sistemas avançados de controle de tiro e alta capacidade de aquisição de alvos, seu uso em combate tem sido limitado. Dados do grupo de inteligência de código aberto Oryx indicam que a Rússia perdeu pelo menos três unidades desde o início da invasão em larga escala da Ucrânia, em fevereiro de 2022, e que menos de duas dúzias de veículos foram enviados ao front. Relatos de tropas russas destacam que o BMPT não apresenta desempenho significativamente superior ao de tanques ou veículos de combate de infantaria convencionais.

Analistas apontam ainda que a torre exposta e os sistemas de armas permanecem vulneráveis a drones e armas guiadas de precisão, enquanto problemas de vibração e falta de estabilização avançada reduzem sua efetividade em combates de alta intensidade, onde rapidez e precisão são determinantes.

A divulgação recente das imagens pode estar ligada a programas de modernização das forças terrestres russas, mas acabou evidenciando limitações tecnológicas e conceituais da plataforma. Observadores destacaram que, embora o Terminator tenha sido projetado para operações urbanas de alta ameaça, seu papel efetivo no campo de batalha continua limitado.