Coreia do Norte testa novo míssil hipersônico Hwasong-11E com alcance estimado de até 1.000 km

A Coreia do Norte disparou dois mísseis hipersônicos na quarta-feira, gerando condenação do Comando Indo-Pacífico dos EUA, que chamou os lançamentos de "ilegais e desestabilizadores". De acordo com o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul, os mísseis balísticos de curto alcance foram lançados de Junghwa, na província de Hwanghae do Norte, e voaram 350 quilômetros a nordeste.

A Coreia do Norte realizou em 23 de outubro o teste de seu novo míssil hipersônico Hwasong-11E, lançado do distrito de Ryokpho, em Pyongyang, em direção ao nordeste do país. Dois projéteis atingiram alvos no condado de Orang, na província de Hamgyong do Norte, conforme informações da mídia estatal e de autoridades militares da Coreia do Sul e dos Estados Unidos.

O teste foi supervisionado por altos oficiais norte-coreanos, incluindo Pak Jong Chon, Kim Jong Sik e Jang Chang Ha. O líder Kim Jong Un não esteve presente. A Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA) informou que o lançamento faz parte do programa nacional de desenvolvimento de capacidades de defesa, destinado a fortalecer a dissuasão estratégica do país contra “potenciais inimigos” e aumentar a sustentabilidade de seus sistemas de armas.

Comparação lado a lado do Hwasong-11Ma/Hwasong-11E, à esquerda, e do Hwasong-11Da/Hwasong-11C, à direita.

Segundo o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul (JCS), os dois mísseis percorreram cerca de 350 km e atingiram o Pico Kwesang, no condado de Orang. O Comando Indo-Pacífico dos Estados Unidos classificou os disparos como “ilegais e desestabilizadores”, mas afirmou que não representaram ameaça imediata às forças americanas ou aliadas. Washington informou que continua monitorando a situação em estreita coordenação com Seul e Tóquio e reforçou seu compromisso com a defesa mútua na região.

O Hwasong-11E, também conhecido como Hwasong-11Ma, é uma variante hipersônica da família de mísseis balísticos de curto alcance Hwasong-11, que inclui modelos anteriores como o Hwasong-11C e o Hwasong-11Da. O sistema utiliza propulsão de combustível sólido e incorpora um veículo planador hipersônico capaz de voar a velocidades superiores a Mach 5. Analistas indicam que a manobrabilidade durante a fase de reentrada dificulta a interceptação por sistemas antimísseis regionais, como o THAAD sul-coreano e o Aegis BMD implantado em navios aliados. O alcance estimado do Hwasong-11E varia entre 700 e 1.000 km, ampliando a capacidade da Coreia do Norte de atingir alvos em toda a Península Coreana e regiões adjacentes.

O novo míssil foi exibido pela primeira vez na exposição “Desenvolvimento da Defesa-2025”, realizada em Pyongyang, montado em veículo lançador de 10 rodas capaz de transportar dois projéteis prontos. A feira contou com a presença de delegações militares da Rússia e do Irã, e exibiu também drones de ataque e outros sistemas balísticos. Observadores internacionais afirmam que o Hwasong-11E representa um esforço contínuo de Pyongyang para desenvolver ataques de precisão de curto e médio alcance, em paralelo à expansão da cooperação militar com Moscou.

O teste faz parte de uma tendência crescente iniciada em 2024, quando a Coreia do Norte intensificou a frequência de lançamentos de mísseis táticos, incluindo versões modernizadas do KN-23 e do KN-24, e implementou estratégias de dispersão e flexibilidade para responder a exercícios conjuntos realizados por Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão.

Além das questões técnicas, o lançamento teve repercussão geopolítica regional. O JCS da Coreia do Sul informou que reforçou vigilância e mantém coordenação estreita com forças americanas e japonesas, compartilhando dados em tempo real sobre movimentos e lançamentos de mísseis norte-coreanos. O Comando Indo-Pacífico dos EUA destacou que segue acompanhando a situação, mantendo alerta em bases na Coreia do Sul, Japão e ilhas do Pacífico.

No campo marítimo, patrulhas internacionais seguem monitorando potenciais violações das sanções impostas à Coreia do Norte. A Nova Zelândia mobilizou o avião de patrulha P-8A Poseidon e o navio HMNZS Aotearoa para operações conjuntas no Japão, apoiados por uma aeronave Falcon 50M da Marinha Francesa. O comandante Rob Welford, do Aotearoa, destacou o aumento da presença de navios da Marinha da China e da Rússia na região, além da imprevisibilidade das ações norte-coreanas, reforçando a necessidade de vigilância constante.

O teste do Hwasong-11E também segue um padrão de demonstração de força antes de negociações diplomáticas internacionais, conforme observado em ciclos anteriores de testes de mísseis norte-coreanos. Especialistas em OSINT indicam que o avanço tecnológico do míssil, especialmente o veículo planador hipersônico e o motor de combustível sólido, sinaliza uma tentativa de Pyongyang de reduzir vulnerabilidades frente a sistemas de defesa antimísseis regionais e de aumentar a capacidade de ataque de precisão em um cenário de tensão com aliados dos EUA na Ásia.

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