Eurofighter Typhoon entra na disputa para substituir os caças F-16 da Força Aérea Portuguesa

O consórcio europeu responsável pelo caça Eurofighter Typhoon confirmou o interesse em fornecer suas aeronaves a Portugal, que se prepara para substituir a frota de F-16 Fighting Falcon em operação desde a década de 1990. A iniciativa coloca o Eurofighter em competição direta com o sueco Gripen E, da Saab, e o norte-americano F-35A, da Lockheed Martin, no processo ainda não formalmente iniciado pelo governo português.

A Airbus Defence and Space, integrante do consórcio que reúne também BAE Systems (Reino Unido) e Leonardo (Itália), assinou nesta segunda-feira um Memorando de Entendimento com o Cluster Português para as Indústrias da Aeronáutica, Espaço e Defesa (AED Cluster Portugal). O acordo tem como objetivo desenvolver estudos e identificar oportunidades de cooperação industrial antes da abertura oficial da licitação para o novo caça da Força Aérea Portuguesa.

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Segundo a Airbus, o plano é integrar a indústria nacional portuguesa ao programa Eurofighter, que já envolve mais de 400 empresas europeias e assegura cerca de 100 mil postos de trabalho no continente. Em Portugal, a Airbus mantém presença consolidada com uma fábrica em Santo Tirso, centros tecnológicos em Lisboa e Coimbra e mais de 30 parcerias industriais, totalizando aproximadamente €70 milhões em trocas comerciais anuais e cerca de 1.500 empregos diretos.

Durante encontro com jornalistas, o diretor de vendas do Eurofighter, Ivan Gonzalez Exposito, confirmou que já ocorreram reuniões com o Ministério da Defesa Nacional e a Força Aérea Portuguesa. “Sabemos que sair de uma relação histórica com o F-16 não é fácil, mas estamos a trabalhar para mostrar como podemos corresponder às necessidades operacionais. Este processo levará dois a três anos e dependerá da alocação orçamental”, afirmou.

O executivo destacou ainda o potencial de cooperação estratégica entre Portugal e os países participantes do programa — Reino Unido, Alemanha, Itália e Espanha —, sublinhando que o Eurofighter pode reforçar a integração europeia no setor de defesa e a autonomia tecnológica do continente. “Queremos apoiar a soberania nacional e europeia, construindo uma solução conjunta que beneficie todas as partes”, declarou Exposito.

A assinatura do memorando ocorre em um momento de movimentação no setor de defesa europeu, com vários países a reverem suas frotas de combate diante das novas ameaças e das exigências de interoperabilidade da OTAN. O consórcio Eurofighter, que acumula mais de 740 aeronaves encomendadas por nove países — incluindo Alemanha, Itália, Espanha, Reino Unido, Áustria, Arábia Saudita, Omã, Kuwait e Qatar —, anunciou recentemente a entrada da Turquia como o décimo cliente, com a aquisição de 20 caças Typhoon.

O programa Typhoon é apontado pelo consórcio como uma opção europeia de elevada interoperabilidade, capaz de integrar armamentos da OTAN e sistemas de comunicações compatíveis com os padrões aliados. A proposta inclui também oportunidades de coprodução, manutenção e formação de pessoal técnico em Portugal, o que, segundo a Airbus, poderia gerar benefícios econômicos e tecnológicos para a indústria nacional.

Além do Eurofighter, a sueca Saab apresentou o Gripen E como alternativa, destacando a flexibilidade de operação e custos reduzidos de manutenção. A norte-americana Lockheed Martin ofereceu o caça furtivo F-35A, já em serviço em vários países da OTAN, enquanto a francesa Dassault Aviation teria demonstrado interesse em propor o Rafale, modelo adotado por França, Índia, Grécia e Croácia.

O governo português ainda não anunciou oficialmente o cronograma ou o orçamento do programa de substituição dos F-16, mas fontes do setor indicam que o processo poderá envolver a compra de cerca de 30 aeronaves, com valor estimado entre €3 e €5 bilhões, dependendo da plataforma escolhida e do pacote logístico associado.

De acordo com a Airbus, a eventual escolha pelo Eurofighter representaria a entrada de Portugal em uma parceria industrial europeia consolidada, com potencial de fortalecer a base tecnológica e de defesa do país. “Portugal juntar-se ao programa seria um impulso significativo para a cooperação europeia”, afirmou José Luís de Miguel, diretor regional da Airbus Defence & Space.

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