Airbus, Leonardo e Thales anunciaram nesta semana a criação de uma nova empresa europeia dedicada à produção de satélites, em uma operação avaliada em 10 bilhões de euros. O acordo recebeu luz verde do conselho de administração da Leonardo e faz parte do esforço europeu de fortalecer a indústria espacial e de defesa, alinhado ao projeto Readiness 2030 da Comissão Europeia, cujo roteiro foi apresentado na semana passada. A empresa terá sede em Toulouse, França, e sua constituição depende de aprovações regulatórias.
O objetivo da nova companhia é se tornar um “campeão europeu” no setor de satélites e competir com a Starlink, de Elon Musk. A Airbus terá 35% de participação, enquanto Leonardo e Thales terão 32,5% cada uma, funcionando sob controle conjunto com governança equilibrada entre os acionistas. A nova empresa combinará as divisões deficitárias de satélites da Airbus com as operações da Thales Alenia Space e da Telespazio, atualmente controladas pela Thales e pela Leonardo, além de incluir os negócios de Sistemas Espaciais e Espaço Digital da Airbus Defence and Space e as divisões espaciais da Leonardo, incluindo participações em Telespazio e Thales Alenia Space. A Thales contribuirá com suas participações em Thales Alenia Space, Telespazio e Thales SESO.
A nova estrutura deverá empregar cerca de 25 mil pessoas em toda a Europa e gerar um faturamento anual estimado em 6,5 bilhões de euros (valor pro forma, final de 2024), com mais de três anos de receitas previstas. O mercado europeu e global de satélites para a próxima década foi estimado em 570 bilhões de euros, com lançamento de cerca de 43 mil satélites, segundo a consultoria Novaspace.
O acordo é uma extensão da colaboração existente entre a Thales e a Leonardo em Thales Alenia Space e Telespazio, com participações de 67% e 33%, respectivamente. A Thales Alenia Space recentemente inaugurou uma fábrica automatizada na província de Roma, com capacidade para produzir cem satélites por ano.
A operação, conduzida sob o codinome “Projeto Bromo”, recebeu elogios do ministro italiano das Empresas e do Made in Italy, Adolfo Urso, que afirmou que a iniciativa é estratégica para consolidar campeões europeus nos setores de espaço, defesa, construção naval e microeletrônica. Por outro lado, a Confederação Geral do Trabalho (CGT) da França alertou para riscos de monopólio, criticando o projeto como uma possível forma de impor preços e reduzir o poder das agências espaciais.
O acordo ocorre em um contexto de crescente competição de satélites menores e de baixo custo em órbita terrestre baixa (LEO), impulsionada por empresas como a SpaceX, pressionando fabricantes tradicionais a consolidar suas capacidades para manter competitividade. A conclusão da fusão ainda depende da aprovação antitruste da Comissão Europeia, uma etapa considerada fundamental devido a restrições anteriores a fusões e rivalidades nacionais.
