Alemanha assina contrato de € 3 bilhões com a GDELS para veículo de reconhecimento Luchs 2 baseado no Piranha 6×6

O governo da Alemanha assinou em 20 de outubro um contrato avaliado em aproximadamente € 3 bilhões (cerca de US$ 3,5 bilhões) com a General Dynamics European Land Systems (GDELS) para o desenvolvimento e fornecimento do novo veículo de reconhecimento Luchs 2, baseado na plataforma anfíbia Piranha 6×6. O programa substituirá o Fennek 4×4 nas unidades de reconhecimento do Exército alemão, marcando um novo estágio no processo de modernização militar conduzido sob a iniciativa. 

De acordo com comunicado oficial da GDELS, o contrato inclui o fornecimento dos veículos, sistemas de treinamento, suporte logístico e integração digital completa às forças terrestres alemãs. O Luchs 2 será o principal vetor de reconhecimento da Bundeswehr, desempenhando papel central na reconstrução da capacidade de vigilância e coleta de inteligência tática das forças mecanizadas da Alemanha.

Piranha 6x6 APC, the base for Luchs 2

A plataforma é derivada do Piranha 6×6, veículo blindado de alta mobilidade projetado para operar em terrenos variados e equipado com kit anfíbio que permite travessias de rios e deslocamentos em áreas alagadas sem o apoio de pontes de engenharia. Com arquitetura digital aberta e capacidade para diferentes configurações modulares, o Luchs 2 poderá empregar uma ampla gama de sensores, comunicações seguras e sistemas de armas conforme o perfil de missão.

Fontes da indústria indicam que o veículo deverá empregar um canhão estabilizado de 25 mm, acoplado a um sistema de observação eletro-óptico montado em mastro telescópico, permitindo reconhecimento em profundidade e vigilância em longo alcance. O veículo também contará com descarregadores de fumaça, sensores infravermelhos e sistemas automatizados de alerta e autoproteção.

A publicação especializada ESUT informou que dois protótipos de referência deverão ser concluídos até 2028, com a produção em série prevista para ocorrer entre 2029 e 2032. O cronograma indica que a Bundeswehr pretende acelerar a incorporação do Luchs 2 para substituir gradualmente a frota de Fennek em todos os batalhões de reconhecimento.

O projeto será integrado ao programa D-LBO (Digitalisierung Landbasierter Operationen), responsável pela digitalização das operações terrestres da Alemanha. O D-LBO visa padronizar sistemas de comando e controle, comunicações, rádios e aplicativos táticos em toda a força terrestre, permitindo uma operação totalmente em rede. Empresas como a Rheinmetall já estão conduzindo a integração digital de milhares de veículos no âmbito desse programa, o que permitirá ao Luchs 2 operar de forma conectada desde sua entrada em serviço.

Luchs 2, el vehículo de reconocimiento alemán basado en Piranha 6x6 -  Noticias Defensa defensa.com OTAN y Europa

Com essa integração, o novo veículo poderá transmitir dados de sensores em tempo real, compartilhar imagens e coordenadas com unidades de artilharia, antitanque e infantaria mecanizada, reduzindo significativamente o tempo entre detecção e engajamento de alvos. A automação e a conectividade aumentam ainda a segurança das tripulações, permitindo operações de reconhecimento mais longas e discretas.

A escolha do Luchs 2 ocorre em um contexto de reorganização estrutural das forças armadas alemãs, impulsionada pela invasão russa da Ucrânia em 2022. Desde então, Berlim vem implementando um amplo plano de reequipamento militar com foco em prontidão e dissuasão, com o objetivo de tornar a Bundeswehr a principal força terrestre convencional da OTAN na Europa.

O investimento no novo veículo faz parte desse esforço de longo prazo, ao lado de outras aquisições estratégicas como os tanques Leopard 2A8, os veículos de combate de infantaria Puma modernizados, o sistema de defesa antiaérea Arrow 3 e a frota de transporte aéreo A400M. Segundo o Ministério da Defesa, essas iniciativas visam transformar a Zeitenwende — conceito introduzido pelo chanceler Olaf Scholz para simbolizar a virada na política de defesa alemã — em capacidades operacionais concretas.

Com o Luchs 2, a Alemanha busca restaurar sua capacidade de reconhecimento mecanizado em profundidade, elemento essencial para a doutrina de manobra da OTAN e para a defesa das fronteiras orientais da Aliança. O veículo deverá fornecer maior resistência, mobilidade e conectividade às unidades de vanguarda, fortalecendo a capacidade de resposta alemã a crises regionais e operações multinacionais de alta intensidade.

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