O governo da Indonésia confirmou em 15 de outubro, em Jacarta, a decisão de adquirir caças multifunção Chengdu J-10C da China, segundo anúncio feito pelo ministro da Defesa, Sjafrie Sjamsoeddin. A confirmação encerra meses de especulações e marca a escolha chinesa sobre o sueco Saab JAS 39 Gripen, que era considerado o principal concorrente e favorito na concorrência.
Embora o número exato de aeronaves e o valor do contrato não tenham sido divulgados oficialmente, fontes próximas ao Ministério da Defesa indicam que as negociações preveem a compra de 42 caças J-10C, o suficiente para equipar dois esquadrões de combate. O ministro afirmou que as aeronaves “em breve estarão voando sobre Jacarta”, sem detalhar o cronograma de entregas.
A decisão integra a política de modernização das Forças Armadas sob a doutrina Perisai Trisula Nusantara (“Escudo Tríade Nusantara”), que busca fortalecer a integração entre Exército, Marinha e Força Aérea e elevar a capacidade de dissuasão regional diante do aumento de tensões no Indo-Pacífico.
O J-10C é uma versão aprimorada do caça de quarta geração e meia desenvolvido pela Chengdu Aircraft Industry Group. A aeronave incorpora radar AESA, controles fly-by-wire digitais, uso extensivo de materiais compostos e revestimentos de baixa assinatura radar. Possui motor WS-10B, permitindo maior agilidade em manobras de combate.
Com velocidade máxima de Mach 1,8, teto operacional de 18 mil metros e raio de combate superior a 1.100 quilômetros, o J-10C é capaz de empregar uma ampla variedade de armamentos, incluindo mísseis ar-ar de longo alcance PL-15, mísseis de curto alcance PL-10, além de armas ar-terra guiadas e mísseis antinavio.
De acordo com estimativas de mercado, o custo por unidade varia entre US$ 40 e 50 milhões, dependendo dos pacotes de suporte logístico, treinamento e armamentos. O contrato poderá incluir transferência de tecnologia e cooperação industrial com a PT Dirgantara Indonesia, responsável pela montagem e manutenção de aeronaves no país.
A escolha da plataforma chinesa representa um revés para a sueca Saab, que oferecia o JAS 39 Gripen E-F e um pacote de cooperação industrial ampliado, com produção local de componentes e treinamento conjunto. O Gripen era amplamente visto como favorito devido à sua interoperabilidade com sistemas ocidentais e custo operacional reduzido, mas teria sido superado pela proposta chinesa em prazos de entrega e flexibilidade comercial.
A Indonésia mantém ainda outros programas de aviação de combate em andamento, incluindo a aquisição de 42 caças Rafale da francesa Dassault Aviation, o interesse na compra do F-15EX Eagle II dos Estados Unidos e a participação no desenvolvimento conjunto do KF-21 Boramae com a Coreia do Sul, que prevê transferência de tecnologia e produção local.
A diversificação da frota, composta atualmente por aeronaves de origem russa, norte-americana e britânica, impõe desafios logísticos e de interoperabilidade. A introdução dos J-10C exigirá ajustes em infraestrutura, sistemas de comando e controle e treinamento de pilotos e técnicos, para integrar o novo vetor de origem chinesa ao inventário da Força Aérea Indonésia.
A decisão de optar por caças chineses reforça a crescente aproximação de Jacarta com Pequim em temas de defesa e tecnologia militar. O movimento ocorre em um momento de competição estratégica entre China e Estados Unidos no Sudeste Asiático, e pode sinalizar uma tentativa da Indonésia de equilibrar sua política externa entre parceiros ocidentais e orientais, mantendo autonomia em suas decisões de aquisição militar.