Japão avalia propulsão nuclear para próxima geração de submarinos

O Japão estuda o desenvolvimento de submarinos movidos a energia nuclear após recomendação de um painel consultivo enviado ao Ministério da Defesa em setembro, em meio a crescentes tensões regionais no Indo-Pacífico e debates sobre modernização da frota naval.

O painel oficial recomendou que a próxima geração de submarinos japoneses tenha maior autonomia, capacidade de permanecer submersa por períodos mais longos e possibilidade de transportar mísseis de longo alcance. Segundo o grupo, atingir esses objetivos pode exigir sistemas de propulsão além do diesel convencional ou de baterias, incluindo tecnologia nuclear.

O relatório destaca a necessidade de aprimorar furtividade e resistência, permitindo que os submarinos operem de forma discreta em cenários estratégicos complexos. “Os barcos movidos a energia nuclear oferecem mobilidade subaquática, furtividade e alcance incomparáveis”, afirmou Kazuki Yano, ex-comandante da Força de Autodefesa Marítima do Japão (JMSDF). Ele acrescentou que o país já possui capacidade industrial para produzir esse tipo de embarcação, caso haja autorização legal.

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Apesar da recomendação, o desenvolvimento de submarinos nucleares enfrenta barreiras legais e políticas. A Lei Básica de Energia Atômica limita o uso de tecnologia nuclear a fins pacíficos, e os “Três Princípios Não Nucleares” proíbem fabricação, aquisição ou posse de armas nucleares. O secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, reiterou no ano passado que o governo japonês “não tem planos de possuir submarinos nucleares” sob a legislação vigente.

Enquanto isso, o Japão continua a expandir sua frota convencional. A JMSDF atualmente opera 22 submarinos e pretende aumentar o número para 24 até o final da década. Os mais recentes da classe Taigei utilizam baterias de íons de lítio, permitindo operações submersas mais longas e silenciosas, enquanto unidades da classe Sōryū estão sendo modernizadas com a mesma tecnologia.

O debate sobre submarinos nucleares também foi impulsionado pelo pacto AUKUS entre Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, que prevê a entrega de submarinos movidos a energia nuclear a Canberra. Analistas afirmam que Tóquio observa o acordo de perto como um possível modelo, caso o país decida revisar suas restrições nucleares e ampliar capacidades estratégicas no Indo-Pacífico.

Especialistas em defesa ressaltam que a região tem testemunhado aumento de atividades militares, incluindo exercícios e patrulhas navais, o que eleva a demanda por plataformas submersas mais avançadas e discretas. A adoção de propulsão nuclear poderia ampliar significativamente o alcance e a presença submarina japonesa, mas exigiria mudanças legais, políticas e de aceitação pública.

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