O governo do Iraque está avaliando uma proposta para adquirir 250 carros de combate principais K2 Black Panther, produzidos pela Hyundai Rotem, da Coreia do Sul, em um contrato estimado em cerca de US$ 6,5 bilhões. A iniciativa busca substituir gradualmente a atual frota de carros de combate M1A1 Abrams de origem norte-americana e modelos T-90S e T-72 de origem russa, consolidando as forças blindadas do país em torno de uma única plataforma moderna e adaptada para operações no deserto.
De acordo com informações publicadas pelo portal sul-coreano Milli Recharge em 25 de setembro de 2025, a proposta está em fase de análise pelos ministérios da Defesa e das Finanças do Iraque. Uma delegação militar de alto nível, chefiada pelo Chefe do Estado-Maior do Exército iraquiano, deverá visitar ainda este ano as instalações de produção da Hyundai Rotem para avaliar as linhas de montagem, o suporte logístico, os prazos de entrega e a capacidade de manutenção da empresa antes do início das negociações formais.
Se concretizado, o acordo representará uma das maiores aquisições de veículos blindados já realizadas pelo Iraque e poderá servir como base para futuras parcerias industriais e tecnológicas entre Bagdá e Seul. O modelo de cooperação seria semelhante ao firmado entre a Coreia do Sul e a Polônia, que envolveu inicialmente 180 unidades do K2 e evoluiu para um programa ampliado com transferência de tecnologia e montagem local.
O K2 Black Panther é o carro de combate mais avançado em operação no Exército sul-coreano. O veículo possui um canhão de alma lisa L/55 CN08 de 120 mm com carregador automático, capaz de disparar até dez tiros por minuto e atingir alvos a mais de quatro quilômetros de distância. A blindagem é composta por módulos compostos e reativos, e o tanque pode receber sistemas de proteção ativa de última geração. Movido por um motor de 1.500 hp, o K2 alcança velocidades de até 70 km/h em estrada e 50 km/h fora de estrada, podendo atravessar cursos d’água de até 4,1 metros de profundidade com o uso de equipamento de vadeamento.
A Hyundai Rotem já desenvolveu uma versão específica para operação em ambientes áridos, denominada K2ME, que inclui melhorias como sistema de ar-condicionado reforçado, unidade de energia auxiliar (APU) e ajustes na suspensão hidropneumática para maior estabilidade em terrenos irregulares. O tanque foi testado em condições extremas durante exercícios conjuntos realizados no Oriente Médio com os Emirados Árabes Unidos e o Catar, demonstrando desempenho consistente em temperaturas superiores a 50 °C.
O Iraque possui atualmente cerca de 140 tanques M1 Abrams, dos quais 135 estão confirmados em serviço, além de 73 T-90S recebidos da Rússia entre 2018 e 2021 e cerca de 170 T-72, muitos deles em reserva ou empregados em funções de treinamento. Essa diversidade de plataformas tem imposto desafios logísticos e de manutenção, elevando custos e reduzindo a prontidão operacional. O Ministério da Defesa iraquiano busca, assim, padronizar sua frota blindada para simplificar a cadeia de suprimentos, unificar o treinamento das tripulações e reduzir a dependência técnica de fornecedores estrangeiros.
A Hyundai Rotem, por sua vez, ampliou significativamente sua capacidade industrial desde 2023, podendo atualmente produzir mais de 200 tanques por ano. Essa expansão permite atender simultaneamente à produção doméstica sul-coreana, aos contratos com a Polônia e a novas exportações. Caso o contrato com o Iraque avance, a empresa planeja utilizar a futura linha de montagem polonesa em Poznań como apoio para o fornecimento e manutenção dos veículos destinados a Bagdá.
A aquisição do K2 representaria a maior compra de carros de combate pelo Iraque desde 2003, marcando uma nova fase na modernização das Forças Armadas do país. Além de fortalecer suas capacidades de manobra blindada, o programa reforçaria a cooperação estratégica com a Coreia do Sul e consolidaria a posição da Hyundai Rotem como um dos principais exportadores globais de veículos de combate.
Uma decisão final sobre o contrato é esperada até o final de 2025, após a visita da delegação iraquiana às instalações sul-coreanas. Caso seja aprovado, o cronograma preliminar prevê que as primeiras entregas ocorram dentro de três anos, com a formação de tripulações e equipes de manutenção iniciando no mesmo período.
