A Marinha do Peru avança com dois programas navais estratégicos que incluem a construção de dois Navios Logísticos Auxiliares (BALOG) e de um Navio de Patrulha Oceânica (OPV). Os trabalhos, conduzidos pela SIMA-Peru nos estaleiros de Callao, seguem dentro do cronograma, com apoio técnico e módulos fornecidos pela Hyundai Heavy Industries, da Coreia do Sul, informou o portal defensa.com.
Os dois BALOG, denominados BALOG 1 e BALOG 2, tiveram sua construção iniciada em janeiro deste ano e estão previstos para lançamento no primeiro semestre de 2026, com comissionamento em 2027. As embarcações são montadas a partir de pacotes CKD (Complete Knock Down), compostos por 32 módulos de aço e alumínio fabricados pela Hyundai. Com 58,9 metros de comprimento e deslocamento de 1.646 toneladas, os navios terão autonomia de 1.500 milhas náuticas e velocidade de até 12 nós.
Cada unidade contará com convés de carga de aproximadamente 250 m², guindaste hidráulico telescópico de 20 toneladas e capacidade para transportar até 285 toneladas de suprimentos ou 21 contêineres padrão TEU. Além do apoio logístico às unidades navais, os BALOG foram projetados para reforçar a capacidade do Peru em resposta a desastres naturais e atendimento a populações costeiras, dentro do programa de “Expansão da Capacidade de Abastecimento Logístico por Mar ao Longo da Costa Peruana”.
O OPV em construção é o primeiro de uma série de três navios planejados no âmbito do “Programa para a Recuperação da Capacidade de Operações Prolongadas da Guarda Costeira de Superfície e de Busca e Salvamento na Área SAR”. Seu comissionamento está previsto para maio de 2028. Assim como os BALOG, o navio é construído com módulos CKD, totalizando 67 unidades fornecidas pela Hyundai.
Baseado no projeto HPD-2200, o OPV terá 94,5 metros de comprimento, deslocamento de 2.400 toneladas e propulsão CODLOD (combinação diesel-elétrica ou diesel), permitindo velocidade máxima de 20 a 22 nós. Sua autonomia estimada é de 6.000 milhas náuticas. A tripulação será composta por 45 a 60 militares. O armamento principal consistirá em metralhadoras de 12,7 mm instaladas em dois botes RHIB embarcados, com capacidade para até 12 tripulantes cada.
O navio será empregado em missões de vigilância, patrulha e interdição entre as milhas 100 e 200 do mar territorial peruano, área conhecida como “Mar de Grau”, além de operações de busca e salvamento. Segundo a Marinha, sua área de responsabilidade SAR, de acordo com os regulamentos da Organização Marítima Internacional (IMO), chega à milha 3.000, cobrindo mais de 2,2 milhões de milhas náuticas.
Os projetos fazem parte de um amplo programa de construção naval conduzido pela SIMA em parceria com a Hyundai Heavy Industries, dentro da estratégia estabelecida pela Junta Executiva para a Reforma da Indústria Naval (Resolução Ministerial nº 70-2022-EF). O plano prevê a construção de pelo menos 23 embarcações, incluindo seis fragatas multifuncionais, três OPVs, quatro navios de patrulha da classe Río Pativilca, quatro navios logísticos, quatro submarinos de 1.200 toneladas e dois petroleiros de alto-mar.
Segundo o governo, o programa deverá gerar cerca de 4.000 empregos diretos, estimular pequenas e médias empresas do setor e modernizar os processos de construção naval no Peru. Além de ampliar as capacidades da Marinha, a iniciativa busca consolidar a indústria naval nacional, com transferência de tecnologia, formação de mão de obra qualificada e atração de investimentos privados em cooperação com parceiros internacionais.