O governo colombiano apresentou o fuzil Miranda, de produção nacional pela Indústria Militar Colombiana (Indumil), para substituir o Galil no inventário das Forças Armadas. O presidente Gustavo Petro batizou a arma em homenagem ao general Francisco de Miranda; os testes de protótipos começam em outubro de 2025.
O Miranda será produzido nas versões carabina compacta (8 polegadas), carabina padrão (13 polegadas) e rifle tático (18 polegadas), todas em calibre 5,56×45 mm. Foi sugerida ainda uma versão de 18 polegadas em calibre 7,62×51 mm, com bipé e configuração para atiradores de precisão. As unidades previstas para testes incluem dez fuzis para ensaios técnicos de laboratório e 50 unidades adicionais destinadas a testes de campo com as Forças Armadas.
O projeto teve início em 2016 e foi retomado em 2021, segundo fontes oficiais, após sinais de interrupção na produção do Galil ACE em território colombiano devido à dependência de componentes importados de Israel. Indumil afirma que mais de 85% dos componentes do Miranda já são fabricados localmente, mas reconhece que canos (13 e 18 polegadas) e cerrojos permanecem de origem israelense por limitações técnicas atuais. A meta oficial é alcançar 100% de conteúdo nacional em médio prazo.
A Indumil informou que os testes práticos cobrirão ambientes variados — climas úmidos, selvas, desertos e altitudes elevadas — e que, após a primeira rodada de avaliações, haverá uma etapa de retroalimentação para ajustes do projeto seguida por nova rodada de testes de campo. Ainda não foram divulgadas publicamente as normas técnicas específicas que serão aplicadas às provas; fontes citam a necessidade de adaptar parâmetros, já que os protocolos do Ministério da Defesa foram concebidos para armas de padrão israelense (Galil) e norte-americano (M4).
Em termos de produção, Indumil declara capacidade instalada atual para cerca de 8.000 armas por ano (incluindo fusis, carabinas, pistolas e revólveres). O governo e a própria Indumil anunciaram planos para elevar essa capacidade: há um processo de aquisição de maquinário estimado em 12.000.000 de euros para integrar nova linha de produção, mas relatos internos indicam que esse processo tem enfrentado dificuldades desde 2022. O cronograma oficial prevê início de produção em série no segundo semestre de 2026, com capacidade estimada de 80.000 fuzis por ano, meta que autoridades e técnicos consideram dependente da conclusão das obras e do recebimento e instalação dos equipamentos.
O programa pretende substituir estoques atuais de fuzis e carabinas que incluem modelos Indumil Galil AR, Indumil Galil ACE-21/22/23, IWI Galil AR e ARM, bem como aproximadamente 18.000 fuzis Colt M16A2/A4 e carabinas Colt M4 recebidos no âmbito do Plano Colômbia. Em diferentes trechos do material oficial e de comunicados, há referência a um universo de substituição de aproximadamente 500.000 armas; em outro ponto, o programa cita a substituição progressiva de cerca de 400.000 unidades Galil ao longo de cinco anos.
O novo fuzil adota arquitetura modular, pinos de liberação rápida, trilhos Picatinny e é composto por cerca de 65% de polímeros de alta resistência, segundo dados fornecidos por Indumil. Os pesos informados são: 3,4 kg para o cano de 8 polegadas, 3,5 kg para o cano de 13 polegadas e 3,6 kg para o cano de 18 polegadas. A corporação afirma que o Miranda tende a ser mais leve que o Galil e estima uma redução de custo média de 25% por unidade em comparação ao antecessor.
Alterações detectadas entre o primeiro e o segundo protótipo incluem guardamanos mais curto, aumento no número de parafusos de fixação do cano ao recebidor (de dois para quatro), ausência de trilho Picatinny na face inferior do guardamanos (com possibilidade de intercambialidade), bisagra de culatra em polímero e opção por mira traseira fixa no segundo protótipo. Fontes técnicas consultadas apontam que o segundo protótipo pode não acomodar lançadores de granadas do tipo M203 e que há ausência de tampa guardapó na ranhura de expulsão, entre outras diferenças de projeto.
As autoridades destacam a suspensão recente da cooperação militar com Israel como fator que acelerou a busca por autonomia industrial e justificou o investimento no desenvolvimento nacional. Por outro lado, documentos internos e especialistas ouvidos por publicações setoriais apontam incertezas operacionais relacionadas à capacidade fabril, aos prazos de aquisição de equipamentos e à necessidade de desenvolver cañões e cerrojos nacionalmente.
A escolha do nome “Miranda” foi anunciada pelo presidente Gustavo Petro e provocou reações de setores diversos; alguns interpretam o nome como homenagem à integração regional, outros criticam a referência por ser ao general venezuelano Francisco de Miranda e não a uma figura nascida na Colômbia. Representantes oficiais informaram que a adoção do nome foi decisão do Executivo
