Paquistão e Arábia Saudita assinam pacto de defesa com extensão da dissuasão nuclear

O Paquistão anunciou que a Arábia Saudita passa a contar com a dissuasão nuclear de Islamabad, após a assinatura de um pacto bilateral de defesa nesta quarta-feira, consolidando décadas de cooperação militar entre os dois países.

O Ministro da Defesa do Paquistão, Khawaja Asif, afirmou em entrevista à Geo TV que “as capacidades nucleares do Paquistão serão disponibilizadas à Arábia Saudita de acordo com este acordo”, sem detalhar adversários ou condições específicas. O pacto estabelece que qualquer agressão a um dos países será considerada uma agressão a ambos, consolidando a proteção mútua e a dissuasão conjunta.

A assinatura do acordo ocorreu com a presença do primeiro-ministro paquistanês Shehbaz Sharif, do príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman e do chefe do Estado-Maior do Paquistão, marechal de campo Asim Munir. Segundo comunicado conjunto, o pacto busca institucionalizar décadas de assistência militar informal do Paquistão, incluindo treinamento de mais de 8.200 oficiais sauditas, envio de tropas ao Reino e cooperação em exercícios e operações conjuntas.

O Paquistão mantém aproximadamente 170 ogivas nucleares, mísseis balísticos Shaheen-II e Shaheen-III e sistemas táticos Nasr, além de modernizar sua tríade nuclear com mísseis de cruzeiro lançados por submarinos. O país também reforçou suas forças convencionais, com quase meio milhão de soldados, tanques VT-4 “Haider” e Al-Khalid, obuses SH-15, sistemas de foguetes guiados Fatah-1 e MLRS A-100, além de caças J-10C, JF-17 Bloco III e F-16 modernizados, complementados por UAVs de ataque e ISR.

A Arábia Saudita, com orçamento de defesa anual entre US$ 70 e 80 bilhões, conta com caças F-15SA e Eurofighter Typhoon, tanques M1A2 Abrams, sistemas antimísseis THAAD e Patriot PAC-3, além de expansão naval com fragatas, corvetas e programas de submarinos. O Reino também investe em UAVs, guerra eletrônica, defesa cibernética e produção local de armamento por meio da Saudi Arabian Military Industries (SAMI).

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O pacto inclui exercícios militares conjuntos, integração de comando e interoperabilidade entre as forças sauditas e paquistanesas. Especialistas indicam que a extensão da dissuasão nuclear será prioritariamente política e estratégica, enquanto a defesa prática do território saudita dependerá de forças convencionais, inteligência compartilhada e sistemas antimísseis.

O acordo ocorre em meio a tensões no Golfo, intensificadas pelo recente ataque israelense no Catar, e reflete uma recalibração do equilíbrio de poder regional, especialmente diante de questionamentos sobre a credibilidade do guarda-chuva de segurança dos Estados Unidos. Para a Arábia Saudita, o pacto formaliza garantias que o Paquistão oferecia informalmente, incluindo a proteção das cidades sagradas de Meca e Medina. Para Islamabad, o acordo projeta influência estratégica no Oriente Médio e garante apoio político e financeiro do Reino em um momento de desafios econômicos internos.

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