Por Anderson Barros
A Coreia do Norte mantém, desde a década de 1980, um programa contínuo de desenvolvimento de mísseis balísticos e armas nucleares, consolidando-se como uma das principais preocupações de segurança regional e global. Entre os projetos testados estão mísseis de curto alcance (SRBM), médio alcance (MRBM), intermediário (IRBM), intercontinentais (ICBM), além de mísseis de cruzeiro e submarinos lançadores (SLBM).

O país realizou uma ampla gama de testes, incluindo lançamentos múltiplos em um mesmo mês, ensaios de plataformas terrestres, marítimas e de silo, e detonações nucleares subterrâneas de diferentes rendimentos. Esses testes refletem uma estratégia de sobrevivência do arsenal, capaz de desafiar sanções internacionais e consolidar uma capacidade de dissuasão nuclear regional.

Testes Nucleares da Coreia do Norte (2006–2017)
O quadro abaixo mostra apenas os testes nucleares, incluindo rendimentos estimados, com gráficos sugerindo a progressão do poder explosivo ao longo do tempo:
| Data | Tipo de Teste | Rendimento Estimado |
|---|---|---|
| 9 de outubro de 2006 | Subterrâneo | 1–2 kt |
| 25 de maio de 2009 | Subterrâneo | Não divulgado |
| 12 de fevereiro de 2013 | Subterrâneo | 6–9 kt |
| 6 de janeiro de 2016 | Subterrâneo | 7–10 kt |
| 9 de setembro de 2016 | Subterrâneo | Estimado 10 kt |
| 3 de setembro de 2017 | Subterrâneo | 100–140 kt |

O quadro a seguir resumidamente lista os lançamentos de mísseis, incluindo testes de voo completos de mísseis balísticos e de cruzeiro.
| Ano | Tipo de Míssil | Número de Lançamentos |
|---|---|---|
| 2023 | Hwasong-18 (ICBM) | 1 |
| Hwasong-17 (ICBM) | 1 | |
| KN-23 (SRBM) | 2 | |
| Míssil de cruzeiro | 4 | |
| SLCM | 2 | |
| 2022 | Hwasong-15 (ICBM) | 1 |
| Hwasal-2 (Míssil de Cruzeiro) | 4 | |
| SRBM múltiplos | 6+ | |
| 2021 | Novo SRBM | 2 |
| Desconhecido (Míssil de cruzeiro) | 2 | |
| Hipersônico | 1 | |
| 2020 | KN-24 / KN-25 (SRBM) | 6+ |
| Kumsong-3 (ASCM) | 3 | |
| 2019 | KN-25 / KN-24 (SRBM) | 10+ |
| Pukguksong-3 (SLBM) | 1 | |
| 2017 | Hwasong-14 / Hwasong-12 (ICBM/IRBM) | 4 |
| 2016 | KN-11 (SLBM) / Musudan (IRBM) | 7+ |
| 2015 | KN-01 (Míssil de cruzeiro) | 3 |
| 2014 | KN-02 (SRBM) | 4 |

Contexto Geopolítico e Implicações Regionais
Desde a década de 1950, a Coreia do Norte tem buscado desenvolver armas de destruição em massa, com apoio inicial da União Soviética. Após o colapso soviético e a retirada do país do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) em 2003, a comunidade internacional passou a acompanhar com maior atenção o seu programa nuclear e balístico.

O país desenvolveu uma variedade de sistemas de mísseis, incluindo ICBMs como o Hwasong-15 e Hwasong-17, capazes de atingir alvos a distâncias superiores a 15.000 km. Além disso, a introdução de mísseis hipersônicos, SLBMs e mísseis de cruzeiro aumenta significativamente sua capacidade de dissuasão e pressão estratégica sobre vizinhos e Estados Unidos.
Respostas Internacionais e Sanções
O Conselho de Segurança da ONU impôs sanções rigorosas à Coreia do Norte para limitar acesso a materiais e tecnologias que possam ser usados em programas nucleares e de mísseis. Paralelamente, ocorreram esforços diplomáticos, como os diálogos das Seis Partes, buscando uma solução pacífica para a península coreana. Ainda assim, a continuidade dos testes demonstra a dificuldade de conter o programa sem negociações estratégicas mais amplas.

Perspectivas Futuras
A manutenção e aceleração dos testes nucleares e balísticos indicam uma política de fortalecimento da capacidade militar estratégica. Entre 2021 e 2023, dezenas de lançamentos de SRBMs, SLBMs e ICBMs foram realizados, demonstrando que o programa de modernização não apenas continua, mas se intensifica.
Para analistas de defesa, a escalada norte-coreana reforça a necessidade de vigilância regional contínua e de iniciativas diplomáticas coordenadas para reduzir o risco de conflito, mantendo a estabilidade da Península Coreana e do Pacífico.





