A Guarda Nacional da Rússia (Rosgvardiya) foi recentemente observada operando veículos blindados Spartan SUT, fabricados pelo Streit Group, empresa com sede nos Emirados Árabes Unidos. As imagens divulgadas durante exercícios de treinamento confirmam que Moscou continua recebendo plataformas militares produzidas no exterior, apesar das sanções internacionais e restrições de exportação impostas desde o início da guerra na Ucrânia.
Entre os veículos avistados, destacam-se variantes equipadas com sistemas de proteção adicionais contra drones — uma ameaça crescente no campo de batalha — e uma versão adaptada com morteiro 2B24 “Dewa” de 82 mm montado no compartimento traseiro. A modificação evidencia a tentativa russa de ampliar a versatilidade dessas plataformas, empregando-as tanto em funções defensivas quanto de apoio de fogo indireto.
Relatórios já haviam apontado a entrada desses blindados incluindo modelos Spartan SUT, Cobra e Cougar. Os registros atuais confirmam que o fluxo de remessas não apenas se manteve, como também passou a atender às demandas emergentes do front ucraniano.
O envolvimento do Streit Group com forças ligadas a Moscou não é inédito. A empresa já havia colaborado com a Companhia Militar-Industrial Russa (VPK) no desenvolvimento dos blindados Condor e VPK-Ural, empregados por combatentes do Grupo Wagner em múltiplas zonas de conflito. Agora, a presença do Spartan SUT na Rosgvardiya reforça o padrão de terceirização observado na política militar russa: buscar fornecedores externos para suprir lacunas que sua indústria de defesa, sobrecarregada por perdas na Ucrânia, não consegue preencher.
A adoção de veículos estrangeiros também expõe a contradição entre o discurso oficial do Kremlin — que insiste na autossuficiência da base industrial de defesa — e a realidade no terreno, onde blindados de origem internacional desempenham papel cada vez mais visível.
Embora ainda não haja confirmação oficial de seu emprego em operações de combate, o uso em treinamentos indica que a Rosgvardiya prepara os Spartan SUT para integração efetiva em cenários reais. Esse movimento sinaliza uma nova fase na dependência russa de fabricantes estrangeiros e ilustra como as redes de fornecimento internacionais continuam a alimentar o esforço de guerra de Moscou, mesmo diante de pressão econômica e diplomática ocidental.