O Exército Brasileiro (EB) está avançando em um plano de modernização de sua aviação ao anunciar a intenção de incorporar, pela primeira vez, o helicóptero Airbus H145M ao serviço militar nacional. A aquisição se somará à expansão da frota de UH-60 Black Hawk, reforçando a capacidade de mobilidade, transporte e apoio de fogo da Força Terrestre.
Segundo informações apresentadas pelo General de Divisão Everton Pacheco da Silva, chefe do Escritório de Projetos Estratégicos do Exército (EPEx), em audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Senado, o cronograma prevê a chegada de oito aeronaves entre 2028 e 2030: quatro Sikorsky UH-60M Black Hawk e Airbus H145M.
O contrato para o H145M, ainda em fase de estruturação, deverá contemplar a produção nacional pela Helibras, subsidiária da Airbus instalada na cidade de Itajubá. A medida reforça não apenas a capacidade industrial de defesa brasileira, mas também o potencial de absorção tecnológica em um segmento estratégico.

O sistema HForce pode operar o míssil israelense Spike, já usado pelo Exército.
Atualmente, o H145 é empregado no Brasil apenas em operações civis. A versão militar, já consolidada em países da OTAN, representa uma solução versátil para operações de transporte, evacuação aeromédica e missões de ataque leve.
Na América do Sul, o H145M encontra-se em serviço apenas na Força Aérea do Equador. Entretanto, seu maior reconhecimento vem do emprego pelo Exército dos Estados Unidos, onde, sob a designação UH-72 Lakota, tornou-se peça-chave em treinamentos avançados e missões de resgate aeromedico.
A adoção pelo Brasil amplia a diversificação da frota e insere a força terrestre em uma rede mais ampla de interoperabilidade com parceiros ocidentais que já operam a aeronave.
Com autonomia de 3h35 e alcance de 650 km, o H145M pode transportar até dez soldados equipados. Além da versatilidade em operações de transporte, sua integração ao sistema HForce permite configuração como helicóptero de ataque leve, empregando armamentos que variam de metralhadoras calibre 7,62 mm e .50 BMG a canhões de 20 mm, foguetes de 70 mm e mísseis ar-ar ou ar-terra — incluindo o Spike israelense, já integrado ao arsenal do EB.
A combinação entre o UH-60 Black Hawk, já consagrado em cenários de combate e apoio logístico, e o H145M, de menor porte e alta flexibilidade operacional, deve ampliar significativamente o leque de opções da Aviação do Exército. A medida fortalece a capacidade de resposta rápida em operações convencionais e assimétricas, em um momento em que as Forças Armadas buscam maior autonomia logística e industrial.