Argentina formaliza pedido de aviões-tanque KC-135R Stratotanker aos Estados Unidos

Em entrevista concedida em 1º de setembro de 2025, o Brigadeiro Gustavo Valverde, Chefe da Força Aérea Argentina, detalhou os avanços do processo de modernização da instituição, marcado pela aquisição de 24 caças F-16 Fighting Falcon provenientes da Dinamarca e pelo pedido formal de dois aviões-tanque KC-135R Stratotanker aos Estados Unidos. A incorporação dos novos meios, segundo Valverde, não apenas supre lacunas operacionais históricas, mas também insere a Argentina na comunidade internacional de operadores do F-16.

O brigadeiro destacou que os atuais KC-130 Hércules da frota argentina não são compatíveis com o sistema de reabastecimento aéreo dos F-16, que exige o uso de lança (boom). Por isso, a solicitação do KC-135R, aeronave que há décadas sustenta as operações de alcance global da Força Aérea dos EUA e de diversos aliados, tornou-se indispensável. O modelo oferece maior desempenho, alcance e capacidade de operar em altitudes e velocidades adequadas aos caças modernos.

Can you tell an F-16 from an F-22? Friday flyover of plethora of planes could provide practice | News | tehachapinews.com

A versão KC-135R, é equipada com quatro turbofans CFM56, oferece desempenho significativamente superior às variantes anteriores: permite descarregar até 50% mais combustível, é 25% mais eficiente no consumo e reduz os custos operacionais em cerca de 25%, além de produzir níveis de ruído 96% menores. A opção pelo KC-135R, em vez de alternativas como o KC-10 Extender, reflete justamente esses menores custos operacionais e a busca por padronização e interoperabilidade com parceiros regionais, especialmente o Chile, que já opera a plataforma. Além disso, a extensão geográfica da Argentina torna o reabastecimento aéreo fundamental para a mobilidade de caças entre bases distantes sem a necessidade de pousos intermediários.

Ficheiro:KC-135R Stratotanker from the 121st Air Refueling Wing at Incirlik, Turkey.jpg – Wikipédia, a enciclopédia livre

Embora o pedido já tenha sido encaminhado por meio do programa de Vendas Militares Estrangeiras (FMS) dos EUA, a entrega dependerá da disponibilidade de aeronaves e da fila de solicitações internacionais. Até a concretização, a transferência dos primeiros seis F-16 — prevista para dezembro — contará com apoio logístico norte-americano, incluindo o uso temporário de KC-135 para a travessia transatlântica. As aeronaves virão em voos de translado tripulados por equipes dinamarquesas nos assentos dianteiros e pilotos argentinos nos traseiros, em um processo de três a quatro dias, com escalas técnicas programadas.

O programa de adestramento também avança em múltiplas frentes. Pilotos argentinos já utilizam simuladores na 6ª Brigada Aérea, participam de treinamentos de centrífuga e câmara hipobárica nos Estados Unidos e terão acesso a um simulador completo atualmente instalado na Dinamarca. Paralelamente, equipes de manutenção realizam cursos de capacitação em Phoenix e se preparam para integrar a operação de translado.

U.S. Air Force KC-135 Stratotanker - Refueling Demo - Cleveland National Air Show

Além do núcleo central da frota de combate e dos vetores de reabastecimento, Valverde ressaltou iniciativas paralelas que ampliam a modernização da Força Aérea. Entre elas estão a avaliação de opções de aeronaves de alerta aéreo antecipado de porte médio, como o Embraer E-99, modelos derivados do Bombardier Global e do Saab 340, bem como o desenvolvimento de capacidades no campo de drones, exemplificado pelo UAV Búho, já empregado em lançamentos experimentais de foguetes. Também há planos para reforçar a presença aérea na Antártida, com a retomada de operações em Marambio e apoio a futuras expedições ao Polo Sul.

Com a chegada dos F-16 e a futura incorporação dos KC-135R, a Argentina dá um passo significativo na revitalização de suas capacidades aéreas, ao mesmo tempo em que sinaliza maior integração com aliados regionais e parceiros internacionais. O movimento insere o país em uma dinâmica estratégica mais ampla, equilibrando necessidades operacionais, interoperabilidade e modernização tecnológica.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *