O Departamento de Estado dos Estados Unidos aprovou, em 29 de agosto de 2025, uma potencial venda militar estrangeira à Dinamarca de sistemas de defesa aérea Patriot PAC-3 MSE integrados ao Sistema Integrado de Comando de Batalha (IBCS), estimada em US$ 8,5 bilhões. A decisão, confirmada pela Agência de Cooperação para Segurança da Defesa (DSCA), representa a mais importante modernização da defesa aérea dinamarquesa em décadas e um marco para a arquitetura de segurança coletiva da OTAN no norte da Europa.
O pacote solicitado por Copenhague inclui trinta e seis mísseis MIM-104E Patriot GEM-T, otimizados para defesa contra aeronaves e mísseis de cruzeiro, além de vinte interceptadores PAC-3 MSE, projetados para enfrentar mísseis balísticos de alta velocidade e até ameaças hipersônicas. A aquisição também prevê dois radares AN/MPQ-65, duas Estações de Controle de Engajamento, seis lançadores Patriot, componentes do IBCS, centros de operações, sistemas de comunicação, simuladores e suporte logístico completo.
Trata-se da primeira vez que a Dinamarca investe em uma capacidade de defesa aérea de longo alcance. Até então, sua proteção terrestre limitava-se a sistemas de curto alcance, como Stinger e Mistral, o que deixava a defesa em grandes altitudes a cargo dos caças e das forças aliadas. A introdução do Patriot altera profundamente essa realidade e marca a transição de um modelo de forças voltado para operações expedicionárias para uma estratégia de defesa territorial mais robusta, alinhada às tensões crescentes no continente europeu.
O grande diferencial do pacote está no PAC-3 MSE, interceptador de última geração que emprega a técnica de impacto cinético direto, destruindo fisicamente o alvo em vez de depender de ogiva de fragmentação. Seu motor de duplo pulso e superfícies de controle ampliadas quase dobram o alcance e a altitude em comparação com versões anteriores, tornando-o particularmente eficaz contra mísseis balísticos manobráveis e veículos de reentrada. Cada lançador pode carregar até dezesseis desses mísseis, o que aumenta consideravelmente o volume de fogo e a capacidade de enfrentar ataques de saturação.
A integração pelo IBCS insere a Dinamarca em uma rede multinacional de defesa aérea, na qual radares, centros de comando e lançadores de diferentes países podem operar de forma cooperativa. Isso cria a possibilidade de um radar dinamarquês fornecer dados de alvo para um lançador polonês, ou de um centro de comando alemão coordenar interceptadores dinamarqueses, fortalecendo a eficácia coletiva da OTAN. Nesse aspecto, a Dinamarca se posiciona, ao lado da Polônia, como pioneira na adoção de defesa aérea de próxima geração na Europa, em contraste com países como Alemanha e Romênia, que ainda operam versões tradicionais do Patriot.
O valor estratégico do investimento é reforçado pela posição geográfica da Dinamarca, na entrada do Mar Báltico e próxima ao Ártico, regiões cada vez mais sensíveis diante do desdobramento de mísseis russos em Kaliningrado e do aumento das tensões no Extremo Norte. Ao adquirir o Patriot PAC-3 MSE, Copenhague envia também um sinal político claro: não pretende depender exclusivamente da cobertura aliada, mas está disposta a assumir maior responsabilidade pela defesa de seu território e do espaço aéreo da Aliança.
O programa terá como principais fornecedores as empresas americanas RTX Corporation, Lockheed Martin e Northrop Grumman. Embora nenhum acordo de compensação industrial tenha sido anunciado, o pacote prevê treinamento, suporte técnico e manutenção em campo. Quando as baterias estiverem operacionais, a Dinamarca terá fechado uma lacuna histórica em sua defesa aérea e, ao mesmo tempo, contribuirá para o desenvolvimento de uma doutrina de defesa antimísseis em rede na OTAN, servindo como modelo para a integração de diferentes sistemas nacionais sob uma arquitetura comum.