Em um movimento estratégico de grande alcance, a Noruega confirmou oficialmente o Reino Unido como parceiro na aquisição de novas fragatas, optando pelo avançado navio de combate global Tipo 26, fabricado pela BAE Systems. O anúncio, feito pelo Ministério da Defesa norueguês em 31 de agosto de 2025, marca o maior investimento em defesa da história do país e sinaliza uma ampla atualização das capacidades de combate de superfície da Marinha Real Norueguesa.
O Tipo 26, projetado originalmente para a Marinha Real Britânica sob a designação Classe City, é uma fragata versátil e altamente tecnológica, otimizada para guerra antissubmarino, mas capaz de executar missões de defesa aérea, ataque de superfície e operações de uso geral. Com deslocamento aproximado de 6.900 toneladas, o navio conta com propulsão silenciosa, essencial para rastreamento de submarinos no Atlântico Norte, além de um arsenal que inclui o sistema de mísseis Sea Ceptor, canhão naval de 127 mm e espaço modular para armamentos adicionais.
O navio também apresenta um amplo convés de voo e hangar para helicópteros e veículos aéreos não tripulados, além de compartimentos modulares para missões específicas, como contramedidas de minas ou operações de forças especiais. Entre seus sistemas de combate, destaca-se o radar de vigilância 3D Artisan da BAE Systems, capaz de rastrear simultaneamente mais de 800 alvos a até 200 km, mesmo em ambientes com intensa interferência eletrônica.
A escolha da Noruega reflete necessidades estratégicas críticas. Com um litoral de 25.000 km, extensa zona econômica exclusiva e acesso direto ao Ártico e ao Atlântico Norte, o país precisa monitorar linhas de comunicação marítimas, proteger infraestrutura submarina e conter atividades navais russas na região. Atualmente, a espinha dorsal da Marinha Norueguesa é composta por quatro fragatas da classe Fridtjof Nansen, que se aproximam do limite de sua vida útil e nunca foram projetadas para enfrentar as exigências de operações sustentadas de alta intensidade.
O processo de seleção envolveu propostas da França, Alemanha e Estados Unidos, mas a oferta britânica se destacou tanto pela capacidade operacional quanto pelo potencial de cooperação industrial, interoperabilidade e alinhamento de treinamento dentro da OTAN. As entregas estão programadas para começar em 2030, permitindo uma transição gradual para uma frota modernizada que deve permanecer em serviço até a década de 2060.
Além da atualização tecnológica, a decisão fortalece o alinhamento estratégico entre Noruega e Reino Unido, garantindo interoperabilidade em operações conjuntas e reduzindo custos logísticos e de manutenção por meio de plataformas e sistemas compartilhados. As variantes norueguesas também devem contar com helicópteros antissubmarino e sistemas aéreos não tripulados, ainda em avaliação, refletindo o interesse do país em incorporar tecnologias emergentes às suas operações marítimas.
Os próximos passos incluem a assinatura de acordos intergovernamentais e industriais, que definirão a cooperação em defesa, governança do programa e participação da indústria nacional em fabricação de componentes, integração de software e manutenção de longo prazo. Após a conclusão desses acordos, o governo apresentará a proposta ao Parlamento para aprovação formal, consolidando um investimento estratégico, econômico e industrialmente sustentável.
Com a aquisição das fragatas Tipo 26, a Noruega não apenas moderniza sua capacidade antissubmarino, mas também reforça sua posição como potência marítima de linha de frente na OTAN, recalibrando o equilíbrio de poder naval no norte da Europa em um cenário de crescente competição entre grandes potências.