EUA posicionam sistema de mísseis Typhon no Japão em meio ao exercício Resolute Dragon 2025

O Exército dos Estados Unidos iniciou a primeira implantação do sistema de mísseis superfície-superfície Typhon em território japonês, na Estação Aérea do Corpo de Fuzileiros Navais em Iwakuni, na província de Yamaguchi. A chegada do sistema foi confirmada por um porta-voz da Força de Autodefesa Terrestre do Japão e coincide com o início do exercício bilateral Resolute Dragon 2025, que ocorrerá entre 11 e 25 de setembro, reunindo mais de 12 mil militares japoneses e 1.900 soldados norte-americanos.

O Typhon, oficialmente denominado Strategic Mid-Range Fires, é capaz de lançar tanto mísseis de cruzeiro Tomahawk, com alcance de até 1.500 quilômetros, quanto mísseis SM-6, com mais de 320 quilômetros de alcance, conferindo-lhe uma dupla função: ataques de precisão contra alvos terrestres e missões de negação marítima. Montado em lançadores conteinerizados e móveis, o sistema oferece alta sobrevivência em ambientes disputados, reforçando a capacidade dos EUA de dispersar plataformas de ataque em território aliado.

A presença do Typhon em Iwakuni tem implicações diretas para a segurança regional. Para a China, o sistema amplia a vulnerabilidade de bases costeiras e de operações navais no Mar da China Oriental e nas imediações de Taiwan, introduzindo uma ameaça terrestre de difícil detecção. Já para a Rússia, a novidade fortalece a pressão americana sobre o Extremo Oriente e sobre a Frota do Pacífico, expandindo as opções de ataque contra corredores logísticos e instalações militares no Mar de Okhotsk. A Coreia do Norte, por sua vez, vê grande parte de sua infraestrutura militar estratégica, incluindo centros de comando e silos de mísseis, sob alcance direto dos Tomahawks lançados a partir do Japão, o que reduz drasticamente o tempo de resposta de Pyongyang em caso de escalada.

O movimento ecoa o precedente estabelecido em 2024, quando o Typhon foi temporariamente implantado no norte de Luzon, nas Filipinas, durante exercícios conjuntos. Embora aquele deslocamento tenha provocado forte reação diplomática de Pequim, que acusou Washington de militarizar o Sudeste Asiático, os EUA consideraram a operação um sucesso, testando a mobilidade e a integração do sistema. Diferentemente do caso filipino, porém, o posicionamento em Iwakuni sugere um caráter mais duradouro e integrado ao planejamento aliado.

No contexto do Resolute Dragon 2025, o Typhon passa a ser um elemento central nos treinamentos de comando e controle conjunto, operações anfíbias e guerra multidomínio. Sua introdução em território japonês não apenas fortalece a doutrina emergente de contra-ataque de Tóquio, como também insere uma nova variável no equilíbrio estratégico do Indo-Pacífico, consolidando a dissuasão baseada em fogos terrestres móveis de longo alcance.

A mensagem é inequívoca: a chegada do Typhon ao Japão representa mais do que uma demonstração simbólica de força. Ela altera o cálculo estratégico de Pequim, Moscou e Pyongyang, ao mesmo tempo em que reforça a credibilidade da aliança EUA-Japão. Em uma região marcada pela crescente competição entre grandes potências, a capacidade de projetar ataques de precisão a partir de solo aliado eleva a imprevisibilidade operacional e redefine os parâmetros da dissuasão no teatro Indo-Pacífico.

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