O conglomerado de defesa sul-africano Denel está sendo processado pela empresa americana Draken International por suposta quebra de contrato na entrega de caças Cheetah, conforme registros do Tribunal do Distrito Central da Flórida. O litígio, iniciado em 19 de agosto, envolve um valor de US$ 7 milhões (124 milhões de Rand sul africano), referente a pagamentos adiantados não devolvidos e possíveis indenizações por danos.
De acordo com a ação judicial, a Denel teria entregue apenas três das 12 aeronaves contratadas em 2017, totalizando um acordo de venda de US$ 35,2 milhões (R 624 milhões). A Draken, que pagou US$ 12,7 milhões (R 225 milhões) à Denel, planejava utilizar os caças Cheetah para treinamento aéreo adversário, apoio tático e exercícios para a Força Aérea, Marinha e Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos.
O contrato previa a reforma, testes de aceitação de voo na África do Sul e entrega das aeronaves aos Estados Unidos. Entre os jatos, estavam nove monopostos Cheetah C e três bipostos Cheetah D, usados como complemento aos 22 Mirage F1M modernizados da Draken.
Em comunicado divulgado em 27 de agosto, a Denel afirmou estar ciente dos procedimentos legais e se comprometeu a apresentar notificações judiciais ao tribunal. A empresa ressaltou que, enquanto o caso estiver em andamento, não se pronunciará sobre os méritos da ação, mas reiterou seu compromisso com o cumprimento de obrigações contratuais e fortalecimento operacional.
O histórico do programa mostra que a Denel já havia fornecido caças Cheetah para a Força Aérea Equatoriana em 2011, e que os dois primeiros jatos reformados foram entregues à Draken em outubro de 2019, com uma terceira aeronave chegando em meados de 2021. Segundo especialistas, atrasos no projeto foram causados por problemas na substituição de componentes críticos, limitações operacionais da Denel, a pandemia de Covid-19 e mudanças na demanda do mercado americano.
O Cheetah, desenvolvido pela Denel como variante do Mirage III nos anos 1980, foi aposentado da Força Aérea Sul-Africana em 2008, após a aquisição dos caças Saab Gripen. A Denel continua sendo a autoridade de projeto do modelo, responsável por reformas, suporte técnico e fornecimento de peças de reposição, incluindo simuladores de voo na Base Aérea de Makhado.
Analistas de defesa apontam que a disputa judicial evidencia os desafios enfrentados por empresas estatais de defesa na entrega de plataformas militares complexas a parceiros internacionais, especialmente em contratos que envolvem tecnologia obsoleta e logística transcontinental. O caso também reforça a importância de garantias contratuais e gestão de riscos em transações de armamento de alto valor.