
A China começou a implementar um novo sistema de defesa aérea projetado especificamente para enfrentar ataques em massa de drones descartáveis e de baixo custo. O FK-3000, visto recentemente durante os ensaios para o desfile militar de 3 de setembro, representa a resposta do Exército de Libertação Popular (ELP) à crescente ameaça de enxames de aeronaves não tripuladas, um recurso que vem moldando os conflitos modernos.
Apresentado pela primeira vez no Zhuhai Air Show de 2022, o FK-3000 combina mísseis terra-ar de curto alcance e um canhão automático de 30 mm em um veículo de três eixos com cabine blindada e tração integral. O sistema conta com dois pods de lançamento, cada um equipado com 12 mísseis, e pode engajar múltiplos alvos de forma simultânea, oferecendo cobertura em camadas contra ameaças que vão desde pequenos quadricópteros até drones de asa fixa de maior porte. Segundo os desenvolvedores, o alcance de engajamento vai de 300 a 12.000 metros, com flexibilidade para integrar diferentes tipos de mísseis, inclusive modelos otimizados para operações antidrones.

A arquitetura modular permite que a plataforma seja atualizada com novos sensores e sistemas de comando em rede, reforçando sua adaptabilidade frente à evolução das ameaças aéreas. Analistas militares destacam que o projeto guarda semelhanças com o sistema russo Pantsir, mas apresenta avanços tecnológicos significativos, refletindo o maior investimento chinês em soluções de defesa de última geração.
O FK-3000 deverá ser empregado tanto na proteção de unidades terrestres na linha de frente quanto na defesa de infraestrutura crítica. Sua dupla capacidade de fogo — mísseis e canhão — oferece eficiência de custos, permitindo o abate de drones mais simples sem o desperdício de munições mais caras.

A ênfase da China em sistemas antidrones decorre das lições extraídas da Guerra Russo-Ucraniana, onde enxames de drones de baixo custo provaram ser capazes de infligir danos severos contra alvos estratégicos. Em junho, a Ucrânia conseguiu destruir bombardeiros russos Tu-95MS e Tu-22M3 em ataques coordenados com aeronaves não tripuladas, episódio que chamou a atenção global para a eficácia dessa tática.

Além do FK-3000, Pequim tem acelerado o desenvolvimento de sistemas de armas a laser, como o OW5-A50, revelado em julho, e já exportou equipamentos similares, como o Silent Hunter 3000, para reforçar as defesas da Rússia. A tendência aponta para uma transição gradual em que lasers complementam ou até substituem mísseis e canhões na luta contra drones.
Para especialistas, a introdução do FK-3000 simboliza um passo estratégico da China no fortalecimento de sua defesa aérea de curto alcance e evidencia que o combate a enxames de drones tornou-se uma prioridade central nas guerras do século XXI.


