Coreia do Norte testa novo sistemas de mísseis de defesa aérea

Lançamento de míssil terra-ar do sistema norte-coreano Pyongae-6

A Coreia do Norte realizou no dia 23 de agosto um teste de tiro real com dois novos sistemas de mísseis de defesa aérea, em um evento supervisionado pessoalmente por Kim Jong Un, líder do país e Secretário-Geral do Partido dos Trabalhadores. A informação foi divulgada pela Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA) em 24 de agosto, destacando que o objetivo foi avaliar a eficácia das novas plataformas contra ameaças aéreas modernas, incluindo drones e mísseis de cruzeiro.

De acordo com Pyongyang, os testes demonstraram alta precisão, rápida capacidade de resposta e aquisição aprimorada de alvos, características descritas como fruto de uma “tecnologia única e especial”. As imagens oficiais mostraram os mísseis atingindo com sucesso alvos simulados, reforçando a narrativa de que os sistemas já se encontram em estágio avançado de desenvolvimento e próximos da implantação operacional.

Teste de fogo real de novos sistemas de mísseis de defesa aérea projetados para interceptar drones e mísseis de cruzeiro.

Embora detalhes técnicos permaneçam sigilosos, especialistas avaliam que os novos interceptadores representam uma evolução em relação a sistemas anteriores, como o Pyongae-5, revelado em 2010 e inspirado no S-300 russo, e o mais moderno Pyongae-6, apresentado em 2020 e comparado ao S-400. Os mísseis testados podem incorporar guiagem por radar ativo, propulsão de combustível sólido e capacidade de engajar múltiplos alvos simultaneamente — avanços que ampliariam significativamente a mobilidade e a sobrevivência da rede de defesa aérea norte-coreana.

A modernização do setor de defesa aérea tem sido uma prioridade para Pyongyang, que historicamente enfrentou vulnerabilidades diante de aeronaves furtivas, mísseis guiados e incursões de drones de baixa altitude. A introdução de novos interceptores reforça a chamada “dissuasão em camadas”, protegendo ativos estratégicos como unidades de mísseis balísticos, centros de comando e infraestrutura militar crítica.

Lançadores do Sistema de Defesa Aérea Pyongae-6

O teste ocorre em meio a um ambiente geopolítico tenso no Leste Asiático. Estados Unidos e Coreia do Sul intensificaram recentemente exercícios militares conjuntos com caças F-35 e destróieres equipados com o sistema Aegis, manobras rotineiramente condenadas por Pyongyang como preparativos para invasão. Ao mesmo tempo, a Coreia do Norte tem estreitado laços estratégicos com Rússia e China, buscando apoio político e cooperação técnica em áreas sensíveis, como defesa aérea e tecnologia espacial.

Internamente, a demonstração militar serve também como vitrine para o regime, que enfrenta desafios econômicos severos devido às sanções internacionais e à insegurança alimentar. A apresentação de avanços em defesa é vista como instrumento para reforçar a autoridade de Kim Jong Un antes de importantes reuniões partidárias e projetar unidade nacional.

Com a introdução desses novos sistemas, a Coreia do Norte sinaliza que pretende elevar os custos e a complexidade de qualquer futura operação aérea adversária. Para Seul, Tóquio e Washington, o avanço representa um fator adicional a ser considerado em cenários militares envolvendo a península coreana, consolidando a evolução da doutrina de defesa integrada e multidomínio de Pyongyang.

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