Rússia amplia oferta de motores, mas Índia mantém aposta no AL-31 para sua frota Su-30MKI

Durante a feira Aero India 2025, a Rússia apresentou à Índia uma proposta estratégica para a produção local do motor avançado AL-41, atualmente empregado em caças Su-35, como opção de modernização para a frota de Su-30MKI da Força Aérea Indiana. A iniciativa se insere no contexto do programa “Make in India” e reflete o esforço de Moscou em manter a parceria de defesa com Nova Délhi em um cenário internacional cada vez mais competitivo.

De acordo com a United Aircraft Corporation (UAC), o AL-41 oferece ganhos importantes em relação ao motor atualmente utilizado, o AL-31FP, incluindo maior empuxo, eficiência de combustível, confiabilidade e melhor desempenho em manobras de combate aéreo. A Índia, no entanto, tem imposto condições firmes para avançar em qualquer negociação. O Ministério da Defesa e a Força Aérea estabeleceram como requisito mínimo uma transferência de tecnologia superior a 80%, além da participação de engenheiros russos nos testes em solo indiano. Essa exigência se deve ao fato de que o AL-41 ainda se encontra em processo de adaptação para plataformas diferentes do Su-35 e exigiria ajustes significativos no Su-30MKI.

A Rússia recebeu Su-34Ms profundamente atualizados, equipados com o motor do Su-35 - motor AL-41F1S

Apesar das vantagens técnicas, há dúvidas em Nova Délhi sobre o custo-benefício da adoção do AL-41, já que a instalação desse motor demandaria modificações complexas na estrutura das aeronaves, com ganhos considerados limitados em comparação ao investimento necessário. Esse cenário é particularmente relevante diante do programa “Super Sukhoi”, já em andamento, que prevê atualizações de aviônicos e integração de novos armamentos, como os mísseis BrahMos.

Dentro desse debate, outra opção começa a ganhar espaço: o motor “Product 177S”, derivado do AL-51F1 usado no caça de quinta geração Su-57. Com empuxo estimado entre 18 e 20 toneladas, maior eficiência de consumo, vida útil projetada de até seis mil horas de voo e tecnologias de ponta como impressão 3D de componentes, uso de compósitos cerâmicos e vetor de empuxo otimizado para furtividade, o 177S representa um salto geracional. Contudo, ainda há incertezas sobre sua maturidade técnica e capacidade de produção em larga escala, já que nem mesmo a Rússia o emprega de forma consolidada em sua própria frota.

Apesar das propostas russas, Nova Délhi tomou recentemente uma decisão que causou preocupação em Moscou: manter o AL-31FP como motor padrão de sua frota Su-30MKI. A medida foi acompanhada por um contrato de US$ 3,13 bilhões com a estatal HAL para a produção de 240 unidades do AL-31 em território indiano ao longo dos próximos oito anos, ampliando gradualmente o conteúdo local dos atuais 54% para 63%. Essa escolha reforça a estratégia de autossuficiência e reduz a dependência de fornecedores estrangeiros, alinhando-se ao princípio “Buy (Indian)”.

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O comparativo técnico entre os dois motores ajuda a entender a decisão. O AL-31FP, embora mais antigo, fornece 12.500 kgf de empuxo e já está consolidado na frota indiana, com logística e manutenção dominadas pela HAL. Já o AL-41F-1S garante cerca de 14.500 kgf de empuxo – um aumento de até 16% –, além de maior eficiência no consumo de combustível (0,67 kg/kg/h contra 0,77 do AL-31). O motor russo mais moderno, entretanto, é mais pesado e exigiria adaptações estruturais custosas nos caças.

A Índia, portanto, se vê diante de uma escolha estratégica. O AL-41 surge como solução mais imediata e testada, embora dispendiosa e de impacto limitado, enquanto o Product 177S desponta como aposta futurista, mas carregada de riscos. A decisão de manter o AL-31FP, por sua vez, garante continuidade operacional, maior controle industrial e previsibilidade de custos. Para Moscou, oferecer opções avançadas é uma forma de preservar a cooperação bilateral, mas Nova Délhi sinaliza que, acima de tudo, busca autonomia e segurança tecnológica em um momento de transição geopolítica e de modernização de sua aviação de combate.

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