Taiwan amplia arsenal de mísseis supersônicos Hsiung Feng III para reforçar dissuasão contra a China

Taiwan anunciou um novo passo em sua estratégia de defesa marítima com a produção de 232 mísseis antinavio adicionais da família Hsiung Feng, incluindo versões do Hsiung Feng II, do supersônico Hsiung Feng III (HF-3) e de sua variante de alcance estendido. O programa, estimado em NT$ 16,1 bilhões (aproximadamente US$ 536 milhões), deve ser concluído até 2026 e inclui não apenas a fabricação dos sistemas, mas também a incorporação de novos componentes eletrônicos que aumentam a resistência a contramedidas e a letalidade das ogivas.

Hsiung Feng II e Hsiung Feng III

O HF-2, considerado a espinha dorsal inicial da defesa naval de Taiwan, possui alcance de até 200 km em suas versões mais recentes e recursos de guerra eletrônica comparáveis a mísseis ocidentais. Já o HF-3, conhecido como Brave Wind III, representa um salto qualitativo por ser o primeiro míssil supersônico desenvolvido pelo país, capaz de atingir velocidades entre Mach 2 e Mach 2,5 e alcançar alvos situados a até 250 km. Equipado com ogiva semi-perfurante de 120 a 225 kg, guiagem inercial e radar ativo na fase terminal, o HF-3 entrou em serviço em 2011 e hoje é peça central na dissuasão taiwanesa. Sua versão de alcance estendido, em testes desde 2017, chega a quase 400 km e já foi integrada a diferentes plataformas, como as fragatas da classe Cheng Kung, corvetas Tuo Chiang e barcos de ataque rápido Jin Chiang, além de estar prevista para destróieres da classe Keelung e baterias costeiras.

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Apesar dos avanços, o histórico do programa não é isento de controvérsias. Em julho de 2016, um HF-3 foi disparado acidentalmente durante um exercício, atingindo uma embarcação de pescadores e causando a morte de uma pessoa, embora o fusível tenha impedido a detonação da ogiva. O episódio não reduziu o ímpeto do governo em continuar o desenvolvimento, que recentemente avançou para novos patamares com a criação de uma versão aérea do HF-3, adaptada para ser transportada pelo caça taiwanês F-CK-1 Ching-kuo. Essa variante, mais leve que o modelo terrestre, já passou por testes de voo, lançamentos de queda e ensaios na Base Aérea de Chihhang, com disparos reais previstos ainda para este ano.

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O reforço do arsenal também inclui investimentos paralelos em sistemas de guerra eletrônica, como pods para o F-CK-1 com capacidade de bloqueio de radar e sensores avançados, projeto iniciado em 2020 com orçamento de US$ 135 milhões. Para Taipé, a diversificação de plataformas e o aumento da produção em massa de mísseis supersônicos têm um objetivo claro: consolidar uma defesa em camadas que dificulte operações navais da China, imponha custos elevados a qualquer tentativa de bloqueio e fortaleça a dissuasão em um dos pontos de maior tensão geopolítica do mundo.

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