A Força Aérea da Índia (IAF) está avançando com os planos para adquirir o míssil ar-ar russo R-37M “Vympel”, uma arma de longo alcance que promete elevar significativamente a capacidade de combate aéreo do país. Conhecido também como RVV-BD na versão de exportação, o sistema é considerado um dos mais potentes do mundo em sua categoria, capaz de atingir alvos estratégicos como aeronaves de alerta antecipado, aviões-tanque e bombardeiros antes mesmo que eles possam reagir. Atualmente, a IAF opera mísseis como o R-77 e os nacionais da família Astra, mas o R-37M se destaca pelo alcance muito superior, que chega a até 400 km em sua versão completa — embora a configuração exportável seja limitada a cerca de 200 km — e pela velocidade hipersônica, que ultrapassa Mach 6.
O míssil utiliza um sistema de guiagem avançado que combina navegação inercial, correções no meio do voo e radar ativo/semi-ativo na fase final, garantindo precisão contra alvos ágeis e manobráveis. Sua ogiva de fragmentação de alto explosivo pesa aproximadamente 60 kg e o design com aletas dobráveis e strakes garante compatibilidade com diferentes aeronaves, maximizando a performance. Operacional desde 2019 na Rússia, o R-37M já foi utilizado em combate real, incluindo o conflito na Ucrânia, onde teria realizado interceptações bem-sucedidas a distâncias superiores a 200 km.
A oferta russa para a Índia inclui não apenas o fornecimento direto do armamento, mas também a possibilidade de produção local dentro do programa “Make in India”, com transferência de tecnologia e participação de empresas como a Hindustan Aeronautics Limited (HAL), fomentando a indústria nacional de defesa. Para explorar plenamente o potencial do míssil, será necessário atualizar os sistemas de radar de aeronaves como o Su-30MKI, cujo sensor N011M Bars ainda não aproveita todo o alcance do R-37M. A experiência da Índia em modernizar plataformas russas deverá facilitar essa integração.
Do ponto de vista estratégico, a introdução do R-37M daria à Índia uma vantagem considerável frente a adversários regionais como China e Paquistão. Com essa arma, a IAF poderia neutralizar ativos críticos inimigos a distâncias extremas, reduzindo drasticamente sua capacidade de comando, controle e reabastecimento aéreo. Essa aquisição também serviria como resposta direta a sistemas rivais, como o míssil chinês PL-15, já integrado às forças paquistanesas. Embora o míssil nacional Astra tenha alcance de até 160 km, o R-37M preencheria a lacuna em combates de “muito longo alcance”, consolidando a superioridade aérea indiana. Caso a compra seja confirmada, o R-37M poderá redefinir o equilíbrio de poder na região, combinando alcance, velocidade e poder destrutivo em um pacote que se alinha às ambições estratégicas e industriais da Índia.
