Irã recebe sistema de guerra eletrônica Krasukha da Rússia

Krasukha EW

A confirmação de que o sistema russo de guerra eletrônica Krasukha está operando em território iraniano representa uma das mudanças mais significativas no equilíbrio militar do Oriente Médio nos últimos anos. Até pouco tempo, essa possibilidade era tratada como especulação, mas imagens e informações de inteligência obtidas recentemente mostram que o equipamento chegou ao país a bordo de aeronaves de transporte Ilyushin Il-76, vindas diretamente da Rússia. Os pousos dessas aeronaves em Teerã, que já vinham sendo observados por analistas de fontes abertas ao longo do último ano, duravam poucas horas e levantavam suspeitas sobre a transferência de equipamentos militares sensíveis. Agora, a presença confirmada do Krasukha dá um sentido concreto a essas operações discretas.

Russian Electronic Attack Renders Ukrainian Aircraft Navigation Equipment 'Malfunction' - Defence Security Asia

Desenvolvido pela corporação russa KRET e lançado em 2014, o Krasukha é considerado um dos sistemas móveis de guerra eletrônica mais sofisticados do mundo. Montado sobre um veículo 8×8, ele é capaz de interferir em radares de aeronaves, especialmente os de alerta antecipado como os AWACS, cortar comunicações via satélite e atrapalhar sistemas de inteligência, reconhecimento e vigilância (ISR) em distâncias que podem variar entre 250 e 300 quilômetros, dependendo da versão. Na prática, ele pode “cegar” drones, aeronaves de patrulha e até mísseis guiados por radar, prejudicando a consciência situacional e dificultando a execução de operações aéreas. Sua eficácia já foi demonstrada em cenários de combate reais, como na Síria e na Ucrânia, onde forçou mudanças táticas significativas nos adversários.

Para o Irã, a chegada do Krasukha é muito mais do que um reforço pontual — é um salto estratégico. Há anos o país investe em radares, mísseis e sistemas de guerra eletrônica para compensar a ausência de caças modernos, chegando a desenvolver modelos próprios, como o jammer Cobra-V8, inspirado em conceitos similares. No entanto, contar agora com um sistema russo desse nível não apenas amplia o alcance e a potência de suas defesas, como também oferece acesso a conhecimentos técnicos e táticas avançadas que podem acelerar o desenvolvimento interno.

Ukrainian Army Captured Russian Krasukha 4 Ground-based Electronic Warfare System - MilitaryLeak.COM

Essa evolução preocupa diretamente Israel, que depende de aeronaves de vigilância, drones de alta altitude e missões de reconhecimento para monitorar o território iraniano e regiões vizinhas. Um Krasukha bem posicionado no oeste do Irã poderia interferir nesses sistemas e criar zonas de sombra eletrônica que dificultariam o planejamento de operações. O mesmo vale para as forças dos Estados Unidos e dos países do Golfo, que realizam patrulhas, missões de reconhecimento e reabastecimento aéreo sobre o Golfo Pérsico e o estreito de Hormuz — áreas onde a interferência eletrônica do Krasukha poderia comprometer comunicações e sensores.

Diante desse novo cenário, é provável que adversários de Teerã passem a adotar contramedidas, como sistemas de comunicação com salto de frequência, redundância de enlaces, maior uso de sensores passivos e até operações planejadas para neutralizar fisicamente emissores como o Krasukha. Ainda assim, a simples presença do sistema já altera o cálculo estratégico de qualquer missão aérea na região, obrigando os planejadores militares a repensar rotas, altitudes e métodos de vigilância.

No fim, a instalação do Krasukha no Irã não é apenas mais uma aquisição militar: é um sinal claro de que a parceria entre Moscou e Teerã está entrando em uma fase mais profunda e operacional. A cooperação entre os dois países deixa de ser apenas diplomática e passa a ter impacto direto e imediato no campo de batalha, adicionando uma nova camada de risco e complexidade a um dos cenários geopolíticos mais tensos do mundo.

 

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