A Austrália e o Japão concluíram em 5 de agosto de 2025 um acordo histórico para a aquisição de 11 fragatas classe Mogami da Mitsubishi Heavy Industries (MHI), num contrato avaliado em aproximadamente AU$ 10 bilhões (cerca de US$ 6,5 bilhões)
O programa faz parte da iniciativa governamental conhecida como SEA 3000, dedicada à aquisição destas fragatas de uso geral (“general‑purpose frigates”). Elas substituirão as fragatas classe Anzac, que estão sendo descomissionadas após cerca de 30 anos de serviço.
O modelo selecionado é uma versão aprimorada do Mogami, também chamada de “Upgraded Mogami” ou 06FFM, projetada para atender aos requisitos da Marinha Real Australiana, oferecendo maior autonomia (hasta 10.000 milhas náuticas), um sistema de 32 células de lançamento vertical (VLS strike‑length) para mísseis de longo alcance e sensores modernos para guerra aérea, de superfície e antissubmarino, com automação suficiente para operar com tripulação reduzida de cerca de 90 pessoas.
O processo de seleção, que incluiu concorrentes da Alemanha (a proposta MEKO A‑200 da Thyssenkrupp) e outras nações como Espanha e Coreia do Sul, concluiu que o Mogami se sobressaiu em termos de capacidade tecnológica, custo ao longo da vida — devido à automação e vida útil estimada de 40 anos — e cronograma de entrega mais rápido. Os ministros Richard Marles e Pat Conroy destacaram que nenhuma modificação de projeto foi permitida além da tradução para inglês do sistema de combate Lockheed Martin, garantindo aderência ao prazo e orçamento.
Segundo o plano, as primeiras três fragatas serão construídas no Japão, com entrega prevista entre 2029 e 2030 (com entrada em operação a partir de 2030), enquanto as oito restantes serão construídas localmente em Henderson, na Austrália Ocidental, em cooperação com a Austal e visando o desenvolvimento da indústria naval australiana, gerando milhares de empregos qualificados.
Este negócio representa o primeiro grande exportação de fragatas da indústria japonesa desde a Segunda Guerra Mundial, destacando uma mudança significativa na política de defesa do Japão, que desde 2014 vem flexibilizando suas restrições à exportação de armas. Trata-se também do acordo militar mais importante já celebrado entre Japão e Austrália, consolidando o alinhamento estratégico na região Indo‑Pacífico diante de tensões crescentes com a China e a Coreia do Norte.
Além disso, a decisão se insere num esforço mais amplo da Austrália para transformar sua força naval: paralelamente ao programa Mogami estão em andamento os projetos das fragatas Hunter-class (SEA 5000) de maior porte e capacidade antissubmarino, com previsão de primeiros navios comissionados apenas em 2034, o que torna a aquisição japonesa uma solução urgente e estratégica de médio prazo.
Com sua autonomia extensa, capacidade de mísseis e tecnologia automatizada, o Upgraded Mogami proporcionará à Marinha Australiana uma presença marítima moderna, flexível e sustentável por décadas, fortalecendo a defesa e a cooperação regional em um cenário global cada vez mais desafiador.