Uma delegação de defesa de Israel esteve recentemente na Índia para discutir com a Força Aérea Indiana (IAF) a possível aquisição dos sistemas de mísseis Air LORA e Sea Breaker, marcando um passo importante na cooperação militar entre os dois países. O Air LORA é a versão aérea do míssil balístico de longo alcance LORA, desenvolvido pela Israel Aerospace Industries (IAI), capaz de atingir alvos a até 430 km com velocidade supersônica de aproximadamente Mach 5 e precisão inferior a 10 metros. O sistema utiliza navegação INS combinada com GPS e possui capacidade de correção de rota durante o voo, permitindo ataques de alta precisão mesmo sob forte interferência eletrônica. Pesando cerca de 1.600 kg e com ogivas de até 570 kg, o Air LORA é projetado para ser lançado de aeronaves como o Su-30MKI, que poderia carregar até quatro unidades por missão, ampliando a capacidade de ataque profundo da IAF sem que os pilotos precisem entrar em espaço aéreo fortemente defendido.
Segundo analistas militares, esse míssil complementaria o arsenal indiano, que já conta com o BrahMos e o SCALP-EG. Diferente do BrahMos, que é um míssil de cruzeiro supersônico voando baixo, o Air LORA segue trajetória balística elevada, mais difícil de interceptar por defesas inimigas. Durante a Operação Sindoor, em maio de 2025, a IAF utilizou mísseis Rampage para atingir 11 bases aéreas paquistanesas, demonstrando a eficácia de armas stand-off. O sucesso dessa operação motivou a busca por sistemas ainda mais avançados, como o Air LORA, que poderia atingir alvos críticos no interior do Paquistão e, potencialmente, também servir de dissuasão contra a China.
Misseis LORA sendo transportados por um F-16I SUFA.
O Sea Breaker, também em discussão, é um míssil de cruzeiro projetado para operações marítimas, capaz de atacar navios e alvos costeiros com grande precisão, reforçando a capacidade naval indiana no Oceano Índico.
As negociações não se limitam à compra direta. Desde 2023, a Bharat Electronics Limited (BEL) possui um acordo com a IAI para fabricar localmente o sistema LORA dentro da política “Make in India”. Isso permitiria reduzir custos, fortalecer a base industrial de defesa e abrir caminho para futuras exportações. Fontes indicam que testes conjuntos entre Índia e Israel poderão ocorrer em breve, para avaliar a integração do Air LORA aos caças Su-30MKI e possivelmente aos Rafale.
Especialistas apontam que a introdução do Air LORA daria “novos dentes” aos Su-30MKI, aumentando a capacidade de destruição de infraestrutura crítica, incluindo pistas de pouso, centros de comando e depósitos de combustível, sem necessidade de penetração profunda em território inimigo. Com custo estimado entre 1 e 5 milhões de dólares por unidade, o sistema é considerado acessível diante de seu alcance e precisão. A expectativa é que a Força Aérea alcance capacidade operacional inicial entre 2026 e 2027, com pelo menos 18 mísseis disponíveis na primeira fase de implementação.
Em termos estratégicos, a aquisição desses mísseis alteraria o equilíbrio regional, oferecendo à Índia maior poder de dissuasão contra Paquistão e China, reduzindo vulnerabilidades e garantindo superioridade em ataques de longo alcance. A possível produção local reforçaria ainda mais a autossuficiência do país em defesa, complementando programas nacionais como o míssil ASTRA BVRAAM e o sistema de defesa aérea de longo alcance Kusha. O Sea Breaker, por sua vez, agregaria poder de resposta naval, aumentando a capacidade de proteger rotas marítimas críticas e áreas de interesse estratégico no Oceano Índico.
Em resumo, as negociações entre Índia e Israel para a aquisição e produção do Air LORA e do Sea Breaker representam um avanço significativo na modernização da Força Aérea Indiana. Com maior alcance, precisão e menor risco para pilotos, esses sistemas elevam a capacidade de ataque do país, fortalecem sua indústria de defesa e ampliam sua postura de dissuasão na Ásia Meridional.