Kuwait acelera venda de F/A-18 Hornet; Malásia lidera negociações, mas disputa envolve EUA e outros países.

Depois da Malásia e Tunísia, agora é o USMC que estaria interessado nos F/A-18  Hornet da Força Aérea do Kuwait – Cavok Brasil

O Kuwait, que adquiriu entre 1992 e 1993 cerca de 40 caças F/A‑18C e F/A‑18D por meio do programa FMS dos EUA após a Guerra do Golfo, está atualmente substituindo essa frota pelos modernos Eurofighter Typhoon e F/A‑18E/F Super Hornet. Essa transição abriu espaço para a retirada gradual dos caças Legacy, que ainda apresentam baixa quilometragem e bons registros de manutenção. O governo kuwaitiano busca uma revenda única e rápida de seus 32 F/A‑18C/D Hornets atualmente em serviço, já que, com a entrada em operação dos novos Super Hornets, esperada para estar plenamente concluída em poucas semanas, os antigos caças se tornarão desnecessários para um país de dimensões reduzidas e com acordos de defesa consolidados com diversas potências. Ainda assim, as aeronaves mantêm bom potencial operacional, o que justifica a iniciativa de venda.

414 | McDonnell Douglas F/A-18C Hornet | Kuwait - Air Force | Peter  Steinemann | JetPhotos

A Malásia desponta como principal candidata à aquisição do lote kuwaitiano, exibindo interesse público desde pelo menos 2021. Naquele ano, o vice‑ministro da Defesa malaio declarou que seu país buscava comprar toda a frota de Hornets do Kuwait, ressaltando que os jatos estão em excelente estado e permitiriam padronizar custos operacionais com a frota já existente da RMAF. Atualmente, a Força Aérea Real da Malásia opera apenas oito F/A‑18D Hornets biplaces e busca adquirir todas as aeronaves kuwaitianas para substituir seus dezoito Sukhoi Su‑30MKM Flanker-H de fabricação russa, cuja manutenção se tornou onerosa e complicada devido ao suporte limitado do fabricante. Além disso, diante da crescente pressão diplomática e militar da China, a Malásia considera essencial reforçar sua capacidade aérea para não perder relevância estratégica na região.

Negociações intensivas entre Malásia e Kuwait vêm ocorrendo há dois meses, e uma delegação de pilotos e mecânicos malaios deve chegar em breve ao estado do Golfo para avaliar a condição dos caças, determinando quais estão prontos para voo e quais seriam aproveitados apenas como fonte de peças de reposição. Com aeronaves dessa idade, a canibalização é uma estratégia viável e considerada no planejamento malaio.

Boeing vai comprar os McDonnell Douglas F/A-18C/D Hornet do Kuwait – Cavok  Brasil

Apesar da preferência kuwaitiana por uma venda única, há relatos de que um empreiteiro americano também esteja negociando a compra de cerca de dez caças monopostos e metade dos bipostos. Essa alternativa, no entanto, é menos atraente para o Kuwait, que busca se desfazer rapidamente de todos os seus Hornets. Além desse contratante, outros países africanos, como o Quênia e a Tunísia, já teriam estabelecido contatos exploratórios para avaliar a aquisição dessas aeronaves. Ambos operam caças Northrop F‑5E/F Tiger II bastante desgastados, o que torna a oferta kuwaitiana interessante para modernizar suas forças aéreas.

Entretanto, qualquer negociação precisará da aprovação prévia do governo dos Estados Unidos. A decisão final, que na época dependia diretamente do governo de Donald Trump, poderia alterar o ritmo ou até impedir as transferências pretendidas. Essa exigência se soma aos trâmites já complexos de acordos logísticos e legais que envolvem a exportação de aeronaves de combate fabricadas nos EUA, tornando o processo mais demorado do que uma simples venda direta.

Kuwaiti Air Force F/A-18 Hornet Crashes During Routine Training Mission,  Pilot Dead

Outro ponto crucial é o pacote de armamentos e radares que poderá acompanhar os caças. Os F/A‑18C/D Hornet kuwaitianos são equipados com radares AN/APG‑65 e compatíveis com mísseis AIM‑7 Sparrow, AIM‑9 Sidewinder, AIM‑120 AMRAAM e bombas guiadas a laser. A transferência completa desses sistemas é fundamental para a eficácia operacional das aeronaves, mas também depende da aprovação americana e pode sofrer limitações impostas por acordos de exportação. Sem esse pacote, a Malásia teria de investir adicionalmente na integração de novos sistemas de armas, o que atrasaria a entrada em serviço dos caças.

Outros potenciais compradores ainda estão no radar. O Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA já manifestou interesse em parte da frota, enquanto países como a Tunísia e o Quênia permanecem como possíveis concorrentes. No passado, a Marinha do Brasil também estudou a aquisição de aeronaves usadas do Kuwait como forma de fortalecer sua aviação naval. A ideia era empregar esses caças em operações embarcadas e de defesa aérea, mas o projeto foi descartado após a desativação do porta-aviões São Paulo.

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Dessa forma, o futuro dos F/A‑18C/D do Kuwait permanece em aberto. A Malásia lidera as negociações, contando com autorização americana já concedida e planejamento de avaliação técnica das aeronaves, mas fatores como a inclusão de armamentos e radares, as negociações paralelas com outros países e exigências do governo dos Estados Unidos podem influenciar o desfecho. Se concluído conforme esperado, o negócio poderá transferir até 30 caças para a RMAF até 2025, garantindo ao país maior prontidão operacional e poder de dissuasão aérea em um cenário regional cada vez mais desafiador.

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